ATA DA
TRIGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 14.05.1997.
Aos quatorze
dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às quatorze horas foi realizada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria
Negroni, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo,
Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, João Carlos
Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Nereu D'Ávila, Paulo Brum,
Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Elói Guimarães,
Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac
Ainhorn João Motta, José Valdir, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro Américo
Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães. Constatada a existência
de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Trigésima Quinta
Sessão Ordinária e da Nona Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram
encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, a Indicação nº 43/97 (Processo
nº 1481/97), o Pedido de Informações nº 76/97 (Processo nº 1482/97) e a Emenda
nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 92/97 (Processo nº 1438/97); pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Providências; pela Vereadora Clênia
Maranhão, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 81/97
(Processo nº 1539/97); pelo Vereador João Carlos Nedel, 03 Pedidos de
Providências; pelo Vereador Nereu D'Ávila, o Projeto de Lei do Legislativo nº
98/97 (Processo nº 1555/97); pelo Vereador Pedro Ruas, o Pedido de Informações
nº 82/97 (Processo nº 1544/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 03 Pedidos de
Providências, os Pedidos de Informações nºs 73, 74, 79 e 80/97 (Processos nºs
1447, 1448, 1526 e 1527/97, respectivamente), e os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 88 e 91/97 (Processos nºs 1432 e 1436/97, respectivamente);
pela Vereadora Sônia Santos, o Projeto de Lei do Legislativo nº 96/97 (Processo
nº 1543/97). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 04/97, do Senhor Volmerio
Severo Coelho, Diretor da Associação dos Geógrafos Brasileiros/Seção Porto
Alegre - AGB-PÁ; 10/97, do Senhor Rafael Alves da Cunha, Secretário-Geral do
Sindicato dos Economistas do Rio Grande do Sul - SINDECON/RS; 23/97, do Senhor
Jocelei Luiz Consalter Flores, Presidente da União dos Vereadores do Rio Grande
do Sul - UVERGS; 36/97, da Diretoria da Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica - ABINEE; 140/97, do Senhor Ivar Leopoldo Castagnetti,
Presidente da Câmara Municipal de Bento Gonçalves/RS; 315/97, do Senhor Sérgio
Santos Marino, Procurador de Justiça do
Ministério Público/RS; 567/97, do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho,
Chefe da Casa Civil/RS; s/nº, do Senhor César Antonio Przygodzinski, da
Coordenação do Fórum em Defesa do Patrimônio Público e da Soberania Nacional;
s/nº, do Senhor José Conrado de Souza, Presidente da Associação Nacional dos
Veteranos da FEB - Seção Regional/Porto Alegre; s/nº, da Diretoria da
Associação Beneficente dos Aposentados e Pensionistas da Previdência Social da
Grande Porto Alegre - ABAP; s/nº, da Senhora Wrana Maria Panizzi, Reitora da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS; Convites: da SAP - Software
Integrado de Gestão Empresarial, para o Simpósio Executivo de Software, realizado
em dezesseis de abril do corrente; da Direção do Sindicato dos Economistas do
Rio Grande do Sul - SINDECON/RS, para a Assembléia-Geral Extraordinária
comemorativa ao Cinqüentenário daquela entidade, realizada em vinte e quatro de
abril do corrente; da Prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria
Municipal de Educação, para a reunião de apresentação do Movimento de
Alfabetização de Porto Alegre - MOVA/POA, realizada em vinte e seis de abril do
corrente; da Federação e do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul -
FIERGS/CIERGS, através de seu Conselho de Assuntos Técnicos, Tributários e
Legais - CONTEC, para o almoço com palestra do Senhor Gesner José de Oliveira
Filho, Presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE,
realizado em seis de maio do corrente; da Rede Brasil Sul - RBS, para palestra
com o Senhor Nuno Cobra, preparador físico, realizada em cinco de maio do
corrente; do Senhor Paulo Roberto Oliveira Torves, Diretor da Ixel Projetos e
Sistemas, para a Vernissage e Exposição de Pintura "Cibernética", do
pintor e escultor Jader Siqueira, de seis a vinte e três de maio do corrente;
da International Wildlife Coalition - IWC/Brasil, para a Exposição Fotográfica
"Baleias Francas no Sul do Brasil", de Marcelo Ruschel, de seis a
vinte e cinco de maio do corrente, em São Paulo; do Senhor Daniel Tevah,
Presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil - ADVB/RS, para o
Seminário de Tendências da Publicidade e Propaganda, realizado em oito de maio
do corrente; do Senhor João Luiz Vargas, Deputado Estadual/RS, para o Grande
Expediente Especial em homenagem aos setenta anos de fundação da Viação Aérea
Riograndense - VARIG, realizado em sete de maio do corrente. Em continuidade, o
Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Ingo Oscar
Seitz, Presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Três Figueiras
- AMATRES, que criticou a construção do complexo habitacional e hospitalar
"Projeto Hermes" alegando que, durante a tramitação deste projeto,
não foram realizados os estudos referentes ao impacto ambiental resultante
dessa obra. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o recebimento e colocou à
disposição dos Senhores Vereadores material relativo à questão ambiental
envolvida no "Projeto Hermes", material esse assinado pela Arquiteta
e Urbanista Dione Schneider Reichmann, Assessora Técnica da AMATRES. Também, registrou a presença do
Suplente Alberto Moesch.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo
questionou a viabilidade da implantação do "Projeto Hermes" no Bairro
Três Figueiras, discorrendo sobre alguns pontos deste projeto que considera
prejudiciais àquela comunidade. O Vereador João Dib discorreu sobre a forma
como a questão "qualidade de vida" vem sendo abordada pelo Executivo
Municipal, analisando , principalmente, a repercussão do "Projeto
Hermes" sobre a comunidade do Bairro Três Figueiras. Na oportunidade, o
Vereador Juarez Pinheiro esclareceu que deverá ser encaminhada à Casa, pela
Secretaria do Planejamento Municipal, cópia completa do "Projeto
Hermes". A seguir, os Vereadores
Cláudio Sebenelo, Isaac Ainhorn e Carlos Garcia suscitaram Questões de Ordem, a
respeito do comparecimento do Secretário Municipal do Planejamento, Senhor
Newton Burmeister, a esta Casa, ao que o Senhor Presidente respondeu que o
convite para tal comparecimento ainda não foi expedido. Na ocasião, face à
solicitação do Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Secretário procedeu à leitura
do convite em questão. Às quatorze horas e quarenta e cinco minutos os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e
cinqüenta e um minutos, constatada a existência de "quorum". Em PAUTA
ESPECIAL, 4ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 18/97, discutido
pelos Vereadores Adeli Sell, Cyro Martini, João Dib e Antonio Hohlfeldt. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia retomou denúncias já formuladas
em Sessões anteriores, relativas à falta de professores nas escolas estaduais, afirmando que
praticamente todas as escolas estaduais de Porto Alegre estão enfrentando
dificuldades neste sentido. A seguir,
constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal
do Vereador Cláudio Sebenelo, aditado pelo Vereador Reginaldo Pujol, solicitando alteração na ordem dos
trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER , o Vereador Luiz Braz discorreu sobre problemas enfrentados pelo
Senhor Carlos Roberto de Souza Lopes , funcionário da Secretaria Municipal de
Obras e Viação - SMOV, portador do vírus HIV, que vem sendo impedido de trabalhar desde novembro do ano passado,
classificando como discriminatórias as posições assumidas pelo Executivo
Municipal a esse respeito. Na oportunidade, os Vereadores Maria do
Rosário e Isaac Ainhorn, forneceram esclarecimentos acerca da tramitação, na
Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, do processo de análise da situação apresentada pelo Vereador Luiz
Braz, referente ao Senhor Carlos Roberto de Souza, e o Vereador Luiz Braz
solicitou maior decoro no tratamento
entre os Senhores Vereadores. A seguir, constatada a existência de
"quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovados os seguintes
Requerimentos: de nº 114/97 (Processo nº 1617/97- Moção de Apoio ao nome do escritor gaúcho Moacyr Scliar como
candidato à Academia Brasileira de Letras), de autoria do Vereador Antonio
Hohlfeldt, após ser encaminhado à
votação pelo Autor e pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo, Isaac
Ainhorn, Lauro Hagemann e João Motta; de nº 116/97 (Processo nº 1628/97 -
Grande Expediente em
homenagem aos setenta anos
da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul - FARSUL), de autoria da Mesa
Diretora; de nº 115/97 (Processo nº 1623/97 - Moção de Repúdio ao Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre pelo episódio ocorrido em treze de maio do
corrente, quando da invasão de área
ocupada pelo Sport Club Internacional), de autoria do Vereador Fernando Záchia,
por quinze votos SIM, onze votos NÃO e
duas ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Fernando
Záchia, Cláudio Sebenelo, Reginaldo Pujol, João Dib, Gerson Almeida e Luiz
Braz, e submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Antonio
Hohlfeldt, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João
Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo
Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco, Não os Vereadores Adeli Sell, Antonio Losada, Cyro Martini,
Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Motta, José Valdir,
Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann e Renato Guimarães, e optado pela Abstenção os
Vereadores Elói Guimarães e Nereu D'Ávila. Na oportunidade, o Vereador Gerson
Almeida solicitou cópia taquigráfica do pronunciamento do Vereador Fernando
Záchia, relativo ao Requerimento nº 115/97. Também, o Senhor Presidente
registrou a presença dos Suplentes Gilberto Batista e Maristela Maffei e
convidou a todos para a comemoração, a ocorrer amanhã, no Morro Santa Teresa,
referente ao transcurso de dois anos de funcionamento da TV COM. Ainda, foi
apregoado Requerimento do Vereador Fernando Záchia, solicitando a inserção, nos
anais da Casa, da matéria assinada pelo Conselheiro do Sport Club Internacional
Carlos César Cairoli Papaléo, veiculada no Jornal Zero Hora de hoje, o qual,
após ser encaminhado à votação pelo Autor, foi retirado da presente Ordem do
Dia pelo Senhor Presidente. Na ocasião, respondendo a Questões de Ordem dos
Vereadores Gerson Almeida, Cyro Martini, José Valdir, Adeli Sell, Isaac
Ainhorn, João Dib e Fernando Záchia, o
Senhor Presidente informou que a retirada do Requerimento acima referido, de
autoria do Vereador Fernando Záchia, ocorreu nos termos do artigo 161 do
Regimento, tendo em vista que a
possibilidade ou não de inserção de matérias nos anais da Casa encontra-se
sendo analisada pela Comissão de Constituição e Justiça. Também, o Vereador
Juarez Pinheiro procedeu a esclarecimentos acerca dos trabalhos da Comissão de
Constituição e Justiça e o Vereador Isaac Ainhorn questionou acerca da votação
de Parecer dessa Comissão, quanto à legalidade do Decreto de autoria do
Prefeito Municipal, de revogação dos CIEM's. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado
Ônix Lorenzoni, do PFL, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos e
concedendo a palavra ao Vereador Reginaldo Pujol que, em nome da Casa, saudou o
visitante. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Deputado Ônix Lorenzoni, que teceu considerações acerca da ideologia liberal
defendida por seu Partido, salientando a importância da participação de todos nos
debates desenvolvidos no País, acerca dos rumos a serem seguidos
pela sociedade brasileira. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença do
Deputado Ônix Lorenzoni e, às dezoito horas e três minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo reabertos às dezoito horas e quatro minutos,
constatada a existência de "quorum". Em continuidade, foi efetuada
votação nominal para prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, tendo votado
Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Fernando Záchia, Guilherme
Barbosa, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Ruas
e Renato Guimarães e Não o Vereador João Dib, votação considerada nula face à
inexistência de "quorum", tendo o Senhor Presidente declarado
encerrada a presente Sessão, às dezoito horas e oito minutos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Paulo Brum e
Isaac Ainhorn e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Adeli Sell, este
como Secretário "ad hoc". Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Passamos à
O Sr. Ingo Oscar Seitz,
representando a Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Três Figueiras -
AMATRES - está com a palavra pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. INGO
OSCAR SEITZ:
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, não somos os primeiros a ocupar esta
tribuna para falar do Projeto Hermes. Estamos aqui representando os moradores
do Bairro Três Figueiras, na qualidade de Presidente da Associação dos
Moradores e Amigos do Bairro Três Figueiras - AMATRES, constituída há mais de 20 anos e reconhecida
de utilidade pública pelo Estado em 1991.
O Projeto, que é apresentado
como complexo urbanístico com amplas vantagens e respeitadas todas as
exigências legais, tem sua aprovação amparada, como reconhece o próprio texto,
tão-somente no artigo 84 da Lei Complementar 43/79: "Em áreas iguais ou
superiores a cinco mil metros quadrados, situados na área urbana de ocupação
intensiva, fica facultada aos proprietários dos imóveis abrangidos a
apresentação de um planejamento para fins de edificação mediante a adoção de
normas próprias relativas ao uso e ocupação do solo e aos dispositivos de
controle, diversos dos vigorantes no local, com vistas à melhoria da qualidade
da paisagem urbana e do aproveitamento daqueles imóveis". Seguem os
parágrafos.
Senhoras e Srs. Vereadores,
cinco mil metros quadrados representam área menor do que um campo de futebol;
não um estádio, apenas um campo. E pasmem: com esta leviana interpretação das
intenções deste artigo da Lei, para que um complexo Plano Diretor se qualquer
proprietário de tão minúscula área faz o que bem pensa?
Diz-se que ao longo da
tramitação, silenciosa, para não dizer sigilosa, tudo foi atendido na
conformidade da lei.
Então, vejamos alguns fatos
interessantes deste profundo estudo, suas conclusões e pareceres.
* Compara-se a Av. Carlos
Gomes à Av. Paulista, em São Paulo. Envergonhamo-nos, como gaúchos, com tão
pouca originalidade. Afinal, Porto Alegre ainda é a capital estadual brasileira
com melhor qualidade de vida, mas não porque copiamos São Paulo.
* O Parecer da SMT, emitido
em 27/10/95, aprova a viabilidade mediante alguns condicionantes: semáforos de
alto nível tecnológico nos cruzamentos da Av. Carlos Gomes com as Ruas Pirapó e Iguaçu. Detalhe: a Rua
Pirapó não encontra a Av. Carlos Gomes, e a Rua Iguaçu está a não mais de 100m
da futura obra de arte (túnel ou viaduto) da Rótula da Protásio Alves. Por mais
inteligente que seja um equipamento de informática, é preciso que homens
inteligentes o programem. Não nos parece o caso. De qualquer modo, o Projeto
Hermes provocará uma descontinuidade no fluxo da III Perimetral.
* A SMAM panfleteou, com
documentos apócrifos e sem data, nas redondezas da implantação do Projeto,
informando o corte e replantio de árvores, mencionando cento e noventa e
cinco unidades. Aprofundando os
questionamentos, foi constatado que se trata de mais de 3.000 unidades
vegetais, tendo um funcionário assumido o erro na informação.
* No Projeto consta a
construção de um hospital com cento e seis leitos. Hoje diz-se que “na verdade,
será um conjunto de clínicas especializadas e modernas”. Como pode ser aprovado
um projeto se não sabem nem dizer o que está sendo projetado?
* A AMATRES agendou uma
reunião com a SMAM para esclarecimentos. Esta reunião, apesar de programada,
foi improvisada no galpão e limitada ao debate do corte de árvores, com
inúmeras esquivas nos demais assuntos pertinentes.
Negam-nos o estudo da fauna,
negam-nos o estudo das águas e fontes naturais, negam-nos o perfil
geomorfológico do solo, e assim por diante. Não queremos nem questionar aqui o
que acontecerá com as águas servidas do complexo, porque o Bairro Três
Figueiras, apesar de ser penalizado com um IPTU dos mais altos, não possui
esgoto cloacal.
Senhoras e Srs. Vereadores,
isto é só uma amostra. Acreditamos que um exame mais minucioso do processo
apresentará fatos muito mais graves, ou por qual outra razão nos negaram, até
hoje, as cópias solicitadas dentro dos preceitos legais.
No entanto, querem calar
nossa voz, dizendo que a SPM aprovou o Projeto, e agora não dá mais para fazer
nada.
Não, minhas Senhoras e meus
Senhores, se este Projeto foi aprovado, o foi de forma irregular, infringindo o
art. 23 da mesma Lei Complementar nº 43/79.
“As Associações de Moradores
das Unidades Territoriais de Planejamento, desde que reconhecidas pelo
Executivo, deverão ser consultadas sobre:
I - processos
administrativos que tenham por objeto a instalação dos seguintes equipamentos
urbanos no território das Unidades Territoriais de Planejamento dos seus
associados: a) praças, parques e áreas de recreação; c) supermercados,
hortomercados, centros comerciais; f) garagens comerciais;
II - processos
administrativos relativos a loteamentos no território das Unidades Territoriais
de Planejamento dos seus associados.
III - abate de florestas,
bosques, árvores e arbustos.
Parágrafo único: A consulta a que se refere este artigo
deverá ser respondida dentro de 20 dias.”
A associação do Bairro
jamais foi consultada ou ouvida. E nós estamos aqui para alertar esta nobre
Câmara de que as leis não são feitas para cumprimento seletivo, mas
democrático, honesto e sem interesses particulares. Não queremos qualidade de
vida só para os moradores do Bairro Três Figueiras, mas, sem precedentes, para
toda a nossa Leal e Valerosa Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A
Presidência informa que recebeu uma consubstanciada matéria que trata da
problemática ambiental do Projeto Hermes, no Bairro Três Figueiras, assinada
pela arquiteta e urbanista Dione Schneider Hackmann, que representa, como
assessora técnica, a AMATRES. Esse material está à disposição dos Srs.
Vereadores. Solicitamos às Bancadas que se utilizem do tempo de Liderança,
porque aquela nossa metodologia que foi adaptada para dar um minuto por Bancada
não é regimental. Houve reclamações e a Mesa só irá fazer se o Regimento
ajustar-se.
O Ver. Cláudio Sebenelo está
com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ilustres visitantes desta Casa que nos honram
com suas presenças. Ainda abatido, deprimido, profundamente magoado com os
efeitos da demonstração de truculência, de barbárie e de insensibilidade ontem
ocorrida nas dependências ocupadas pelo Parque Náutico do Sport Club
Internacional, venho à tribuna para defender o interesse da Associação dos
Moradores e Amigos do Bairro Três Figueiras. Como muito bem salientou o nosso
convidado de hoje, ocupante da Tribuna Popular, Professor Ingo Oscar Seitz, o
semáforo a ser colocado na Av. Carlos Gomes com a Rua Pirapó ou com a Rua
Iguaçu mostra o nível técnico dos assessores que fizeram essa proposta, isto é,
ela é impossível, incompatível com qualquer pensamento mais sério sobre
trânsito em Porto alegre. A III
Perimetral vai ficar totalmente congestionada, insuportável se houver esse tipo
de providência. O local destinado ao futuro Projeto Hermes é,
indiscutivelmente, uma microfloresta, e
as aves que têm grande percurso usam essas microflorestas para pouso, para reposição alimentar, para depois
do descanso reiniciarem o seu longo percurso.
Pois estamos dizimando e sabendo
que essa é mais uma forma de demonstração da nossa inconsciência, da nossa
desintegração com o meio ambiente, com a nossa flora, com a nossa fauna e com o
nosso microclima. Não se pode fazer um hospital naquela localização, sem saída,
sem entrada, sem ter nenhum projeto de impacto em relação ao problema da
contaminação hospitalar - e a contaminação não é só infecciosa, não. Um
hospital usa substâncias radioativas. Aquele acidente que houve em Goiânia foi
com uma cápsula de césio radioativo, que estava colocada num aparelho de
radiografia de um hospital. A sucata desse aparelho foi esquecida num fundo de
quintal e provocou todo aquele acidente gravíssimo - é perigoso. Existe a
possibilidade de emanações radioativas no local previsto para o referido
hospital. É preciso que haja um estudo. Está previsto na lei e não foi feito.
Preciso que se diga, também, que não existe o Relatório de Impacto Ambiental no
processo, que é obrigatório. Não adianta dizer que tem porque não tem, foi
pesquisado. Deveria estar no processo e não foi feito. Essa informação foi dada
por ambientalistas, pessoas que têm conhecimento, professores universitários de
responsabilidade, que não iriam inventar. O fulcro do debate trazido pelo Ver.
Moesch na segunda-feira foi levantado primordialmente pelo Ver. João Dib na
sexta-feira passada.. Nos traz agora o nosso Presidente da AMATRES que, é
claro, além da construção de centro
comercial, hotel e tudo isso precisar ser notificado, deverão ser consultados.
É dever do Estado. Além disso, o abate de florestas, bosques, árvores e
arbustos tem que ter uma discussão. Está escrito na Lei, inclusive.
Lamentavelmente, o Ver. Guilherme Barbosa não está aqui para ouvir o art. nº 23
da Lei 43/79.
Eu encerro, Sr. Presidente,
dizendo que, se esta Administração Popular é tão zelosa da participação das
comunidades todas no Orçamento Participativo, por que não quis a participação
dessas comunidades nesse Projeto? Por que tratou mal os moradores dos Bairros
Três Figueiras e Chácara das Pedras? Por que a SMAM desprezou a presença de
quarenta pessoas na sua sede e, com evasivas e mentiras, disse que não estava
lá o processo - e este estava - e que,
simplesmente, o pessoal do Planejamento não tinha vindo porque a sua agenda
estava lotada? Ora, a agenda de todos estava lotada. Isso é um desrespeito à
população desses bairros. Estarei
assim, até o fim, vigilante e atento a qualquer tipo de iniciativa que possa
tolher o direito da Associação dos Moradores de ter um novo debate sobre o
assunto antes que seja feito e aprovado qualquer tipo de plano. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. João Dib está com a palavra pelo PPB. Saudamos, também, o Vereador - 1º
Suplente - da Bancada do PPB, Alberto Moesch, que se encontra presente.
O SR.
JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Antes de mais nada, desejo saudar
a AMATRES - Associação dos Moradores do Bairro Três Figueiras. Nós estamos
acostumados à Tribuna Popular e,
raramente, excepcionalmente, aparece um documento tão bem elaborado quanto este
que foi distribuído aos Srs. Vereadores. Eu, na realidade, com todas as
preocupações que tinha, não lembrei-me da fauna. Evidentemente que, no momento
em que as árvores sejam derrubadas, a fauna desaparece. E não vai se
restabelecer. Mas não é só isso que deve preocupar os moradores, não só do
bairro Três Figueiras, mas desta Cidade. O problema qualidade de vida, que é
tão apregoado pela administração prefeitural, não é um fato novo - Porto Alegre
tem mantido o primeiro lugar há décadas. Quando fui Prefeito, Porto Alegre
obteve, nos três anos, o primeiro lugar em qualidade de vida no Brasil. Não sei
se com os outros prefeitos, nos oito anos anteriores a este título, a
Prefeitura estava recebendo, porque não acompanhei. Mas a Prefeitura tem uma preocupação muito grande com a qualidade
de vida: para destruí-la. Doou, fez Direito Real de Uso naquela área ao lado do
Country Club; fez Direito Real de Uso na Av. Ipiranga, no passeio; fez Direito
Real de Uso, ilegalmente, no meu entendimento, na Vila Planetário; levou os
moradores da Vila Cai-Cai para colocar na frente de um conjunto residencial de
alto gabarito que estava sendo construído na Cavalhada; os preços baixaram,
pessoas desfizeram suas compras, porque de repente não há como conviver.
Tenho longo tempo de
Prefeitura. Nunca vi aprovarem um supermercado sem intenso debate acerca do
fluxo de trânsito, do fato que seria gerador de trânsito para aquele local em
que o supermercado seria colocado. Agora vamos colocar um “shopping center”,
hospital, vamos fazer várias torres numa área que tem alta qualidade de vida,
porque é quase toda ela unifamiliar. Parece que a administração prefeitural não
deseja que esse padrão de vida continue. Porque se reclama esgoto cloacal, mas
paga-se esgoto cloacal no Bairro Três Figueiras, como toda a Cidade paga, como
se existisse esgoto cloacal. Não existe, mas paga. Agora, imaginem colocando
tudo aquilo, como vai ser feita a coleta de esgoto, como serão movimentadas as
redes? E tem problema, já, de esgoto. O meu amigo Luiz Vaz tem um problema
seriíssimo de esgoto incomodando na casa dele, na Espiridião Medeiros. Imaginem
agora, com hospital, com “shopping center”, com oito torres, o que vai
acontecer? Tudo o que me preocupa é o Orçamento Participativo, essa figura
utilizada eleitoreiramente, porque quando se trata de ouvir a coletividade, aí
não se ouve, a não ser que haja
interesse de votos. Como lá nas Três Figueiras não ia acontecer essa
concentração tão grande de votos que o PT
pudesse se beneficiar, não houve nenhuma consulta aos moradores, mas a
Lei Orgânica, no seu art. 237, é clara e diz que precisa haver. E a minha
Bancada, através do Ver. Alberto Moesch, já fez um Pedido de Providências ao
Prefeito.
O art. 237 diz: “A
implantação de distritos ou pólos industriais e empreendimentos de alto
potencial poluente...” - hospitais e shoppings
são isso - “... bem como quaisquer obras de grande porte que possam causar
danos à vida ou alterar significativa ou irreversivelmente o ambiente...” - a
fauna será alterada irreversivelmente -
“... dependerá da autorização de órgão ambiental, da aprovação da Câmara
Municipal e da concordância da população manifestada por plebiscito convocado
na forma da Lei”. Essa é a solicitação
que a minha Bancada fez para que o Prefeito faça cumprir a Lei Orgânica, porque
esta é a Constituição do Município, é a maior lei que temos. Tudo gira em torno
desta Lei.
Eu espero, Sr. Presidente, Srs. Vereadores e senhores moradores,
que a Prefeitura saiba honrar o juramento que o Prefeito, Vice-Prefeito e os
Secretários fizeram de cumprimento da Lei Orgânica. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Não há mais Lideranças inscritas.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Esclarecimento): Quanto às questões que foram colocadas pelo digno Presidente da
Associação do Bairro Três Figueiras e pelo Ver. Sebenelo relativamente às
cópias dos documentos, quero informar a essa Presidência e a este Plenário que
acompanhei o Ver. Sebenelo, junto com a Secretária da Associação, e que foi
definida a tirada da cópia do Projeto Hermes, que deveria ter sido entregue e
só não o foi por problemas
administrativos. O Secretário-Substituto da Secretaria do Planejamento está-se
dirigindo a esta Casa para informar à comunidade e, imediatamente, conceder as
cópias que são de direito.
O SR.
PRESIDENTE:
Trata-se, realmente, de um esclarecimento importante que a Mesa acolhe e
transfere aos representantes da comunidade, em especial ao seu Presidente.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO (Questão de Ordem): Eu queria esclarecer que o Ver. Juarez Pinheiro foi
a única pessoa preocupada com esse assunto e me levou ao Gabinete do Sr. Secretário-Substituto, Dr. Jorge Branco, na
Secretaria Municipal de Planejamento. Minha única estranheza é que até hoje não consegui falar com o
Secretário Burmeister, a não ser num programa de televisão. Queria um
esclarecimento da Mesa com referência a um Requerimento meu, já aprovado pelo
Plenário, pedindo a presença do Secretário Burmeister aqui. Isso é fundamental.
Queria que me comunicassem o dia e hora que o Secretário chegará à Câmara
Municipal não só para avisar a comunidade, como também para dizer, com todo
apreço e respeito ao Dr. Jorge Branco, que queremos a presença do Secretário.
O SR. PRESIDENTE:
A Mesa pede
aos Srs. Vereadores que façam Questão de Ordem ou Esclarecimento; caso
contrário, tem que usar o tempo de Liderança. V. Exa. usou o tempo de
Liderança. A Mesa vai esclarecer a sua solicitação, Vereador.
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, tendo em vista a manifestação do Ver.
Cláudio Sebenelo, que ingressou com um pedido para a vinda do Sr. Secretário a
esta Casa, eu gostaria de saber se o teor do Requerimento é de convocação, o
que, a meu juízo, deve ser feito: a convocação do Sr. Secretário na forma da
Lei Orgânica e do Regimento.
O SR. CARLOS
GARCIA (Questão de Ordem): O Ver. Cláudio Sebenelo frisou que o Ver. Juarez Pinheiro foi o único
que fez contato, só que nós fizemos contato pessoalmente com o Prof. Ivo, colocando-nos
à disposição para intermediar junto à Prefeitura.
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa não quer abusar do tempo para não ser criticada, mas responde: há um
requerimento aprovado na última Sessão. Não houve tempo para uma resposta do Sr. Secretário. A nossa Diretoria
Legislativa está fazendo contato para apressar a resposta do Requerimento, que
nem foi enviado ainda. Está pronto para assinar e será enviado o mais rápido
possível.
Por favor, a Mesa solicita
que a discussão paralela seja feita na sala dos Srs. Vereadores.
O Sr. Secretário virá a esta
Casa. Não temos condições de dizer a data certa, mas virá o quanto antes. Ele
não vê problema nisso - foi o que ele
já disse -, só que não há ainda a oficialização da resposta. Por isso, a Mesa
está precariamente informando isso. Não há nenhum interesse por parte da
Secretaria em faltar com a transparência nesse processo.
A Tribuna Popular está aqui prestando a sua parte. A
democracia que se estabelece nesse processo deve ser considerada. A Tribuna
Popular possibilitou que a comunidade, insatisfeita com o encaminhamento que
vinha sendo dado, usasse a tribuna, que é da Casa, do Poder Legislativo
Municipal. Essa tribuna já surtiu um
efeito imediato. É importante que V. Exa. encare esse fato de forma positiva. Não
podemos entrar em um processo negativista. Temos que achar soluções, e não
aumentar os problemas. A questão da tribuna já é exitosa, porque o
Sub-Secretário está-se dirigindo para cá para trazer uma satisfação à
comunidade e aos Vereadores.
Está encaminhado o processo para a vinda a esta Casa do
Secretário do Planejamento - é um convite,
e não uma convocação. Nós fazemos o convite, e, quando este não é
aceito, a Câmara se obriga a fazer outro tipo de convocação. É uma questão de praxe nesta
Casa que se faça convite.
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Eu gostaria que V. Exa., tendo em vista as dúvidas
que estão havendo, lesse o Requerimento, porque, embora seja praxe, nós somos servos da lei, e, se o
Requerimento fala em convocação, ele tem de ser convocado em dia e hora. Por
isso gostaria de saber se é convite ou
convocação.
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa já esclareceu, mas pede que o
Secretário leia o convite. A Mesa não pode aprovar algo que venha de forma
diferente. Então, o que foi aprovado por este Plenário, por unanimidade, será
lido agora.
O SR. 1º
SECRETÁRIO:
(Lê.)
“Sr. Presidente, o Vereador
que este subscreve requer a V. Exa., nos termos regimentais, seja convidado o
Secretário de Planejamento Municipal, Sr. Newton Burmeister, a comparecer
nesta Casa a fim de prestar informações
quanto ao não-cumprimento do art. 23 da Lei Complementar nº 43/79, no processo
de aprovação do chamado Projeto Hermes no bairro Três Figueiras.”
O SR.
PRESIDENTE: Tecidas
as questões, estamos dando por terminado este momento. Agradecemos a presença
do Professor Ingo Oscar Seitz e de todos os representantes da comunidade; da
Arquiteta, e muito nos orgulha conhecer seu brilhante trabalho, Dione
Reichmann.
Suspendemos por um
minuto para despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos
às 14h45min.)
O SR.
PRESIDENTE(às 14h51min): Estão reabertos os trabalhos da 36ª. Sessão Ordinária. Passamos ao
período de
PAUTA ESPECIAL
4ª SESSÃO
PROC. 1490/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 018/97, que dispõe sobre o Plano
Plurianual para o quadriênio de
1998/2001 e dá outras providências.
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, na segunda-feira, tive a oportunidade de fazer
aqui uma exposição sobre as metas fundamentais do Plano Plurianual para a
Cidade de Porto Alegre, plano este, como enfatizei aqui, que foi amplamente
debatido nas plenárias regionais e setoriais do Orçamento Participativo,
reunindo onze mil e cem pessoas. É verdade que, para alguns Vereadores, esse
número ainda é muito pequeno, insuficiente, mas eu acredito que sempre
contribui e sempre vai contribuir para que nós possamos analisar já o Plano
Plurianual com elementos que vêm das
comunidades.
É evidente que o Plano
Plurianual que nós temos em mãos ainda tem insuficiências. Alguns, tanto da
nossa parte, do Governo, Vereadores da situação, vão dizer que todo o Plano
Plurianual tem esse aspecto de não poder preencher todas as lacunas para um
trabalho de quatro anos. No entanto, eu quero voltar a enfatizar algumas
questões que me parecem essenciais, que eu abordei, aqui, na segunda-feira. São
os seis pontos que nominei como diretrizes gerais, que eu gostaria de deixar
marcado, aqui, para os Srs. Vereadores, para que nós possamos discutir
exatamente sobre quais são as metas do Governo para os próximos quatro anos.
Portanto, se houver insuficiência, se houver algum desvio do nosso Governo, os
Vereadores têm, portanto, o direito e o dever de cobrar, porque esta é uma meta
estabelecida, está vindo para cá em Projeto de Lei.
Repito as diretrizes gerais:
“1- continuidade do Orçamento Participativo como o principal instrumento de
gestão pública democrática; 2-
políticas sociais: priorização dos serviços de educação, saúde e
assistência social;” - já nos foi apresentado aqui e V. Exas. foram convidados
a discutir o movimento de alfabetização de adultos, que é uma inovação, além do serviço de alfabetização de jovens e adultos que já havia na Prefeitura; “3- política
habitacional, com ênfase ao programa de regularização fundiária, construção e
apoio a formas alternativas de produção de unidades habitacionais, lotes
urbanizados e autoconstrução, ações que garantam a função social da propriedade e a execução do programa das áreas de
risco”. Portanto, o terceiro ponto
enfatiza a questão da habitação.
A nossa Bancada, através do
Presidente da CUTHAB, apresenta, inclusive, propostas suas para melhorar esta
situação e nos apresentou aqui problemas que estamos enfrentando na Cidade, com
várias ocupações, tanto em áreas públicas como nas privadas. Portanto, é uma
determinação de nosso Governo resolver essas questões e, para tanto, podemos ser cobrados, porque isso é uma
meta, é uma diretriz.
A quarta diretriz chama para
ações e obras de infra-estrutura urbana e saneamento básico. Essas questões a
nossa Administração vem desenvolvendo, mas Porto Alegre ainda tem problemas de
enchentes e saneamento. Agora, para que tenhamos cada vez mais uma cidade com
qualidade de vida, sem dúvida nenhuma, o saneamento básico é essencial, como é
básico para resolver problemas de saúde, a começar pela prevenção.
A quinta diretriz é a
política de incentivo ao desenvolvimento econômico e geração de renda. Aqui não
se trata, apenas, de uma questão local, mas de o nosso Governo poder construir
parcerias com a iniciativa privada, com o Governo do Estado e com o Governo
Federal. Nenhuma prefeitura resolve, por si só, os problemas de desemprego e
desenvolvimento.
Prometo que vou me debater
para que isso ocorra e já estou trabalhando para que Porto Alegre tenha uma
política de desenvolvimento econômico-social pautada em cima do turismo e
outras políticas que venham a trazer políticas de curto, médio e longo prazo
para a Capital, e não apenas medidas emergenciais - portanto, ter uma visão
estratégica de desenvolvimento. E, como
já disse, eu acredito, ainda, que é possível uma sociedade solidária, na qual a
iniciativa privada possa conviver com as questões que estão com o poder
público, inclusive com as empresas públicas, mas, também, com o sistema
associativo de cooperativas. Eu acho que nenhuma sociedade do futuro, mesmo as
sociedades socialistas não podem conviver sem essas três estruturas básicas.
A sexta diretriz chama para
ações e medidas que visem ao aumento de eficiência da máquina pública através
da informatização e novos métodos de trabalho. Quero insistir que no Plurianual
estamos dando, também, ênfase para as questões das aplicações, para o
desenvolvimento, mostrando os números que hoje dispomos.
Nós estamos chamando a
atenção para o fato de que os Municípios ficam apenas com 17% dos impostos, das
verbas arrecadadas, enquanto a União fica com 54% e os Estados com 29%. Isso
nos chama para um debate estadual e nacional sobre a reforma fiscal.
Hoje quero enfatizar outros
elementos do Orçamento Plurianual.
Queremos, em torno do gabinete do Vice-Prefeito, aprofundar as relações com
outras esferas de governo. Queremos integrar
a Prefeitura na Frente Nacional
de Prefeitos. Por isso é que o nosso Vice-Prefeito participou ativamente nos
debates da Frente Nacional de Prefeitos discutindo o Fundo Fiscal, o antigo Fundo de Emergência. Nós queremos
aprofundar as nossas relações com a FAMURS, com a GRAMPAL e outras associações,
descentralizar as informações, reforçando centros administrativos da Prefeitura
- os CAS -, construir projetos em
conjugação com os Municípios da
Região Metropolitana de Porto Alegre com vistas à solução dos problemas comuns.
Não podemos mais nos isolar na Capital sem ter um diálogo, independente dos
partidos políticos, com os Prefeitos
das Regiões Metropolitanas,
particularmente os Municípios
circunvizinhos.
Na Procuradoria-Geral do
Município, destaco a instalação de um posto de atendimento da Procuradoria e da
Secretaria da Fazenda no Fórum Central de Porto Alegre com vistas a agilizar os
acordos judiciais e execuções fiscais para que os cidadãos conquistem cada vez mais cidadania e não
precisem procurar por vias tortas, por
corredores infindáveis da Prefeitura, que no próprio Fórum sejam apressados esses
processos; no Departamento Municipal de Esgotos Pluviais, propomos o
desenvolvimento do Plano Diretor de Drenagem Urbana e o Plano Diretor de Meio Ambiente e Saneamento;
no Gabinete do Planejamento,
estamos centrando atividades no Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano e
Ambiental; na Secretaria Municipal de
Administração, melhoria das condições de trabalho, qualificação profissional,
implementação do programa de atenção à saúde
do trabalhador municipal; na Secretaria de Obras e Viação, implementação
da III Perimetral, ampliação do sistema viário na área adjacente ao novo aeroporto da Cidade, construção da pista de eventos e o Projeto Guaíba
Vive. Ver. Nedel, está
no Plano Plurianual, com todas as letras, a construção da pista de eventos.
Na Secretaria Municipal de
Produção, Indústria e Comércio - SMIC -
, propomos que a Secretaria desenvolva diversos projetos dentro do Plano de
Desenvolvimento Econômico - PDE - no sentido
de incentivar e apoiar atividades de produção rural, indústria e
comércio e abastecimento, principalmente no segmento das micro e pequenas
empresas - Casa do Mel, incubadoras tecnológicas, feiras-modelo, Feira do
Peixe, Porto Seco etc.; na Secretaria Municipal de Transportes, implantar o
novo modelo operacional de transporte coletivo que vai estar na pauta no
próximo período; na Secretaria Municipal de Saúde - meu caro Ver. Cláudio
Sebenelo -, propomos no Plurianual e queremos fazer o debate em cima desses
três eixos que consideramos fundamentais: fortalecer o Sistema Único de Saúde -
SUS -; implementar a Central de Marcação de Consultas; o controle social sobre
a gestão do SUS, através do Orçamento Participativo.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Solicitamos aos Srs. Vereadores que tomem seus assentos. Há um
Vereador na tribuna e precisamos manter a ordem no Plenário.
O SR. ADELI
SELL:
Repito, para que todos compreendam o que propomos para a Secretaria Municipal
da Saúde, os três eixos que considero
fundamentais, dentro do Plurianual, que são: fortalecer o Sistema Único
de Saúde; implementar a Central de Marcação de Consultas; e o controle social
sobre a gestão do SUS, através do
Orçamento Participativo. É claro que não é preciso dizer - é redundante - que
os Vereadores também devem ter o controle sobre o SUS. Afinal, somos
representantes da sociedade - mas isso é o óbvio -, por isso enfatizei o
controle social por parte da população.
No Departamento Municipal de Habitação, o DEMHAB: nós queremos
tornar o DEMHAB referência regional e nacional como órgão executor de políticas
habitacionais de caráter social, regularização fundiária, parceria no programa
de áreas de risco com a SMAM e projetos de casas de emergência; no Departamento
Municipal de Águas e Esgotos, o DMAE, estamos enfatizando a elaboração do Plano
Diretor da Qualidade de Água, meu caro Ver. Guilherme Barbosa; no Departamento
Municipal de Limpeza Urbana, o DMLU, propomos a melhoria das condições do
material comercializado pelos galpões de
reciclagem, porque isso, além de incentivar a coleta seletiva, gera
renda, gera riqueza, já que não podemos desperdiçar o lixo. Ainda no DMLU, a compostagem de resíduos orgânicos para o
aumento da produção agrícola do Município, que considero fundamental. Por fim, na FESC nós destacamos
as ações que possibilitem a integração social e a assistência social aos
excluídos. Nesse particular, acredito que todos devemos ter preocupações,
porque a cada dia estamos vendo mais
desemprego. Portanto, a FESC nos coloca essa prioridade.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, salientei, na minha fala,
elementos básicos, norteadores para o Plano Plurianual que está em pauta. Chamo
a atenção dos Vereadores que, muitas vezes, e até com correção, têm cobrado, da
Bancada do PT, uma discussão mais profunda sobre os destinos e rumos da Capital. Evidente que o Plano Plurianual é
mais rico, mais amplo do que as questões que aqui coloquei. Portanto, chamo a
atenção para que possamos debater as questões de Porto Alegre em cima desses elementos fundamentais. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Está com a palavra o Ver. Cyro Martini para discutir a Pauta.
O SR. CYRO
MARTINI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta oportunidade deve ser aproveitada no
sentido de podermos comentar acerca do Orçamento Participativo. Tenho ouvido,
seguidamente, manifestações nesta Casa que demonstram desconhecimento acerca da
realidade e do funcionamento do Orçamento Participativo. No Plano Plurianual,
uma das primeiras colocações entre as diretrizes gerais está a continuidade do Orçamento Participativo
como principal instrumento de gestão
pública democrática, planejamento participativo e controle popular sobre o
Estado, com sua constante modernização, através do ajuste crítico do governo e
da sociedade.
Quando nós ouvimos, por
exemplo, que o Orçamento deve ir ao encontro desta ou daquela comunidade,
obviamente, se a afirmação é feita de modo convicto, ela incorre em equívoco, pois o Orçamento, o Conselho Regional ou
o Conselho Municipal pertinente ao Orçamento, não vai ir ao encontro de cada
comunidade no sentido de saírem os seus representantes à procura de quem quer
que seja, seja lá na vila popular do Partenon, seja na Vargas, no Morro da
Cruz, ou lá na Lomba do Pinheiro, na Santa Helena. O Orçamento não vai sair
campo afora buscando a comunidade. E não há porque distinguir Três Figueiras ou
bairro popular, qualquer que seja. Se a comunidade do bairro entende de
discutir no Orçamento alguma questão que lhe interessa, deve comparecer às
reuniões do Orçamento. O Orçamento não é instrumento da vontade de qualquer
comunidade, por mais poder econômico ou de outra ordem que esta comunidade
tenha. Então, não nos equivoquemos no sentido de sair atrás das comunidades
para saber se elas concordam ou não com esta ou aquela providência. Que nós
tenhamos uma posição contrária a alguma alteração, alguma obra na Cidade, tudo
bem, não há o que discordar. O Vereador deve ter opiniões, posições. Caso
contrário, o que ele estaria fazendo aqui?
Mas querer subjugar o Orçamento Participativo de uma ou de outra
comunidade apenas porque esta comunidade tenha destaque em razão do seu poder
econômico e social, não. Discriminar pessoas não é da nossa posição. Todos são
iguais. Se queremos discutir o local da reunião, é o local apropriado para se
debater questões a respeito do Orçamento Participativo.
O Orçamento Participativo,
por exemplo, no que diz respeito ao Grande Partenon, nas suas quatro
microrregiões, está, no momento, discutindo as suas prioridades e suas obras
por microrregião. O Partenon compõe-se de quatro microrregiões, isto é, a da São José, da Intercap-Agronomia, da
Alameda e da Santo Antônio. Segunda-feira desta semana, houve a reunião da
microrregião do Partenon, e lá se discutiram os problemas que dizem respeito à
pavimentação, ao saneamento básico, à educação, à saúde, à organização da
Cidade, ou seja, doze itens que compõem a relação dos campos a serem discutidos
e debatidos sobre as obras e as providências a serem tomadas pelo Município.
Quem quiser discutir, debater, está aí uma oportunidade, o momento para se
levar os questionamentos. Por exemplo, os moradores da Intercap, que é uma zona
que tem uma certa distinção de natureza econômica, sabem que para conseguir o que eles querem para a
comunidade devem ir discutir no Orçamento Participativo. E assim o fazem.
Inclusive, um deles é representante-geral do Conselho do Orçamento
Participativo. Então, não queiramos subjugar o Orçamento Participativo ao
interesse de quem quer que seja, nem das camadas humildes e muito menos das
camadas mais favorecidas. Todos são iguais. Este é o princípio do Orçamento
Participativo e este é o pensamento de todo aquele que tem por princípio a
filosofia, a orientação cristã, porque, se discrimina as pessoas, não é
cristão. É por aí que o Orçamento se
coloca.
Uma outra colocação com
relação ao Orçamento Participativo que é importante destacar - e eu falo lá e
não tenho por que não falar aqui - é que o Orçamento é democracia direta, é
democracia participativa e é para ali que estamos indo. A democracia
representativa está perdendo campo. As razões que levaram, no ano passado, à
escolha pelo caminho da democracia representativa hoje já não se colocam contra
no sentido de desfavorecer o exercício da assembléia plena do povo. Hoje há
condições plenas de se realizar uma assembléia ampla dos moradores. Os
problemas maiores da Cidade de Porto Alegre, os mais cruciais, já podem ser resolvidos por um plebiscito, um
referendo, uma modalidade qualquer de ouvir o povo de forma imediata. Outrora,
as comunicações, as vias de transporte, não tinham a qualidade e a presteza que
têm nos dias de hoje. Por isso e por outras razões a democracia representativa
está numa situação muito delicada. Vejam o que está acontecendo no Congresso
Nacional - a venda de votos por duzentos mil reais - para permitir que o
Presidente da República possa ser reeleito. E não é o presidente do meu
estimado, adorado e velho Teixeirinha Esporte Clube - hoje já não existe mais -
não. Se fosse, nós acharíamos uma indecência, uma coisa clamorosa. Mas é o
Presidente do Brasil! De repente, há muitos que não acham isso tão pavoroso - o
Governador do Acre, o Governador do Amazonas, os Deputados. Tudo isso mostra
que o Orçamento Participativo toma fôlego e toma campo. Orçamento Participativo
é o nome dado pela Administração
Popular e pelo povo em geral àquilo que se chama desde a Antiga Grécia
de democracia direta. Eles se reuniam na Eclésia, na Assembléia Geral, e hoje
há condições de nós assim procedermos. Não há dúvida de que o futuro virá
através dessas soluções como a do Orçamento Participativo. Confesso que sou
favorável, no que tange ao Orçamento Participativo, à regionalização do mesmo,
através dos Conselhos Regionais do Orçamento, o do Partenon, da Lomba do
Pinheiro, da Glória, da Zona Leste, do Extremo-Sul, de todas as dezesseis
regiões de Porto Alegre. Mas há os grupos temáticos, como “Circulação e
Transportes”, que tratam de um modo amplo os problemas que preocupam
globalmente a Cidade. Então, eu acho que, antes de nós pensarmos que o
Orçamento Participativo deve ser um instrumento cordeirinho, no sentido de ir
ao encontro para bajular quem quer que seja, nós devemos é refletir e meditar.
Devemos saber que, para nós, o nome é Orçamento Participativo, mas lá no
Nordeste, Norte, não sei onde, na Região Leste do País, poderá ter outro nome,
mas vai surgir. Por quê? Por razões como essas que nós vimos. Os meios de
comunicação hoje não têm aquela dificuldade toda que não permita uma ampla
troca e movimentação rápida nesse sentido. De outra parte, são fatos como esses
que acontecem no plano federal que mostram que o Congresso Nacional, Câmara de
Deputados, Senado Federal deixam a desejar, deixam o povo perplexo, sem saber
que rumo e que destino tomar. O Governo do Estado, que, através das suas
barganhas, neutralizou os efeitos que
poderia ter a Assembléia Legislativa sobre os interesses do Rio Grande, sobre
as reivindicações do povo gaúcho, também põe em risco a democracia
representativa. À medida em que nós vamos distribuindo bondades, benesses
e acabando com a força do Poder
Legislativo, é óbvio que o povo tem que
encontrar soluções. Mas vejam esta preocupação que temos, quando a Prefeitura,
a Administração Raul Pont coloca o Orçamento Participativo como uma das suas
primeiras diretrizes de modo a encontrar-se com o povo, de modo a
identificar-se com o que pensa o povo porto-alegrense.
Quem não conhece as vilas
populares, os bairros populares de Porto Alegre, talvez não tenha tido a
oportunidade de verificar o que foi feito de notável. Se alguém desta Casa, por uma razão qualquer, há bons anos não
percorre as ruas das vilas populares, como, por exemplo, a Vila da Tamanca -
que eles não gostam que chamem assim, porque faz parte da Vila Esmeralda e eles
têm orgulho disso -, não terá oportunidade de verificar que há uma
pavimentação, uma coisa linda lá. Quem não percorre o Beco da Taquara, na Vila
Santa Helena, da Vereadora Maristela Maffei, não sabe que há todo um pavimento
maravilhoso lá. Quem conheceu o Bairro São José há alguns anos e não teve
oportunidade de ir lá novamente agora não vai conhecê-lo, porque está
praticamente todo pavimentado e com saneamento básico.
Em outra oportunidade vamos
poder comentar de novo acerca do Orçamento Participativo e do Plano Plurianual.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para um esclarecimento. Confessando
a minha desinformação, quantos oradores podem falar por turno na discussão do
Orçamento Plurianual e qual o número da nossa inscrição?
O SR.
PRESIDENTE: São
permitidos quatro oradores. Falaram os Vereadores Adeli Sell e Cyro Martini;
falarão os Vereadores João Dib e Antonio Hohlfeldt.
O Ver. João Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu gosto muito de discursos, especialmente quando
eles têm conteúdo. Nós estamos debatendo o Orçamento Plurianual e algumas
coisas têm que ser colocadas nesse Orçamento que a administração prefeitural
olvidou-se. Por exemplo, o Plano de Carreira dos servidores municipais não está
no Plano Plurianual e já está sendo devido há oito anos para os servidores
municipais. Mas que administraçãozinha difícil! Eu tenho a minha bíblia
petista, que leio de vez em quando, e lá diz que nunca deve ser aquinhoado um
grupo de servidores em detrimento de outros. Pois a administração prefeitural
já fez isso várias vezes, sempre contra o meu voto, e agora esquece que
prometeu, com todas as letras, com todos os discursos, com todas as
formalidades e solenidades, que faria um plano de carreira para os servidores
municipais. Eu, quando Prefeito, fiz um plano de carreira e os servidores
falaram, deram a sua voz. A Câmara discutiu
antes que o Plano de Carreira, o Estatuto, viesse para a Câmara. Ele foi discutido pelos
Vereadores e pelos servidores. Foi fruto do trabalho conjunto de servidores e
legisladores. Agora, fica na promessa o
Plano de Carreira. De repente, perguntava para o Prefeito Tarso Genro sobre o
Plano de Carreira, no dia 15 de abril de 1994, e me foi dito que em seguida
viria, mas aí eu descobri que palavra de administrador prefeitural petista e
risco na água é a mesma coisa, não vale nada, porque até agora não veio! E
agora, no Plano Plurianual, esqueceram novamente do Plano de Carreira dos
servidores municipais, especialmente aqueles que outro dia aqui foram tão
defendidos, tão elogiados, os homens da Enfermagem, as mulheres da Enfermagem,
aqueles que carregaram doentes no colo e carregaram o hospital também. Não há
Plano de Carreira para eles, mas já houve para os Procuradores do Município, já
houve para os Agentes Fiscais do Município, já houve para os
Técnicos-Científicos do Município. Já houve algumas manobras prefeiturais para
votarem matérias aqui em que, de repente, os funcionários desapareceram,
estavam contra a votação. Foi feita promessa para os funcionários, que também
era risco na água - não foi cumprida. Promessa de Prefeitura do PT e risco na
água é a mesma coisa. Outra coisa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores: esta Lei
Camata, que todos os dias a Prefeitura fala, estabelece 60% que pode ser gasto
com pessoal. Mas será que o pessoal do DMAE não é prefeitural também? É uma
gentinha à parte ou são heróis à parte? O que eles são? Eles são servidores
municipais. Eu também já fui de lá. Eu acho que vou colocar uma emenda nesse
Plurianual, e que os 60% da Lei Camata,
na forma do que já disse o Tribunal de Contas, incluem o DMAE. O que é a
Prefeitura? Ela é o Executivo e o
Legislativo. O que é o Município? É o Executivo e o Legislativo. Ele não
diz que é a Câmara Municipal, a Administração Centralizada, o DEMHAB, o DMLU, a
FESC e a EPATUR. Ele não diz isso. Ele diz que é o Executivo e o Legislativo. O
que é o Executivo? É tudo o que está do outro lado, inclusive o DMAE. Depois
tem outra coisa: falam em médico em casa. E o Ver. Pujol ficou preocupado com
aquele médico que atendia as pessoas - sorridente aquela Dona Geni, andando
sozinha dentro do ônibus. Mas o que diz a Lei Orgânica, aprovada pelo PT na
Comissão de Justiça da Casa ? E o Prefeito Tarso Fernando assinou quatro vezes,
o Olívio também assinou quatro vezes o
orçamento global da Prefeitura, e botaram todos os valores - DMAE, DEMHAB -,
mas, na hora de botar os 13%, eles tiraram o DMAE. Isso não é sério. O DMAE é a
Prefeitura, e é necessário que os 13% gastos com a saúde incluam o DMAE. É a
receita da Prefeitura. Ou o DMAE passa para a CORSAN. Foi uma luta da CORSAN.
Outros Vereadores e eu, Diretor do DMAE, depois, tornei difícil, e não
aconteceu. O DMAE cobra esgoto cloacal. O representante do Bairro Três Figueiras
disse, aqui, que o bairro não tem esgoto cloacal, mas todos pagam. Coisa nunca
vista! Claro, foi aprovação da Câmara - não vou dizer que não -, mas várias
coisas foram prometidas. Mas uma promessa da administração prefeitural do PT e
risco na água é a mesma coisa. Desapareceu o risco na água no momento em que se
traçou o risco, e a promessa também ficou nisso. Deveria haver estações de
tratamento de esgoto, porque, em 89, isso foi aprovado. Em 90, deveriam começar
as estações de tratamento de esgoto. E não há! Eu já disse, aqui, que o meu
amigo Luís Vaz, lá das Três Figueiras, tem problema de esgoto cloacal. Paga
pelo esgoto e não sabe bem quem é o responsável. Chega de promessas, chega de
discursos bonitos! A Secretaria de Administração, no Plano Plurianual, cuida da
“movimentação ascensional”. Fui ver o que era. É o elevador, os elevadores do
prédio. Esqueceu que os elevadores do prédio estão lá colocados para levar os
funcionários, que devem não só subir pelo elevador, mas subir na sua vida
funcional. E isso como é que se faz? Com o Plano de Carreira, que já
estabeleceram para alguns, contrariando tudo o que está escrito na minha bíblia
petista. Fizeram para alguns e esqueceram os menos aquinhoados, aqueles que
ganham pouco, muito pouco: os Enfermeiros, os Auxiliares de Enfermagem do
Pronto Socorro. Com aqueles a administração prefeitural não está preocupada.
Para outros, que ganham bastante, a Prefeitura deu mais. Os Procuradores do
Município ganham muito bem. E ninguém se iluda de que na Prefeitura se ganhe
muito bem, não. Eu tenho 34 anos de Prefeitura, fui seis vezes Secretário, duas
vezes Assessor-Engenheiro, que é o mesmo nível do Secretário, e pensei que com
todas as vantagens adquiridas pelo meu trabalho de 34 anos, nos quais só tirei dois meses de férias, um por doença
e outro porque não me deram a demissão que
eu pedira num cargo, eu era o que ganhava mais. Eu
tinha feito Plano de Carreira! Havia centenas de servidores que ganhavam mais;
agora são milhares que ganham mais do que eu.
Depois da decisão na
Justiça, que obrigou a pagar o valor que a Prefeitura descontou todo numa vez
só, mas não devolveu, eu chego, brutos, a 3.300 reais. Trinta e quatro anos,
seis vezes Secretário, duas vezes Assessor-Engenheiro - o cargo de Prefeito não
conta, porque nada tem a ver com o Plano de Carreira -, com todas as vantagens,
tenho todo esse salário, e, de repente, recebo uma correspondência de um amigo
dizendo que Vereadores, Deputados e
Senadores estavam brigando pelo limite de 10.800 reais. Eu queria chegar a
10.800 reais e não consigo.
A Prefeitura tem muito
dinheiro. Diz que tem o Orçamento Participativo, mas não participa. Eu aplaudi
o Ver. Cyro Martini quando ele dizia que o Legislativo estava sendo levado a um
plano secundário, porque o Orçamento Participativo estava resolvendo problemas
da coletividade. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vamos sintetizar: 13%
do orçamento global para a saúde; Plano de Carreira prometido, que deve ser
cumprido. E não precisam mandar fazer em São Paulo, onde gastaram muito
dinheiro e botaram fora, porque a Prefeitura de Porto Alegre tem as melhores
equipes de servidores nas áreas de Administração, da Fazenda, do Urbanismo, do
Saneamento e da Medicina. Então, não é preciso mandar buscar de ninguém. Os 13%
na saúde, esses são indispensáveis para que a Dona Geni, da propaganda, possa
andar até dirigindo o ônibus sozinha e encontrar o médico do quarteirão
atendendo os sofredores daquela área.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, sou grato. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, solicitamos esse tempo por motivos estritamente
de ordem pessoal. Minha esposa fez uma cirurgia e está na sala de recuperação,
no Hospital da PUC, mas achamos importante nos manifestar a respeito de uma
peregrinação que estamos fazendo em todas as Sessões e que vamos continuar
fazendo até resolvermos esse assunto.
Na última plenária, tivemos uma manifestação de acolhimento por parte do
Ver. Reginaldo Pujol em relação à
questão das escolas estaduais de Porto Alegre.
Visitamos vinte e sete
escolas e constatamos que existe problema de vagas de professores na grande
maioria delas. Citarei as que estão com problemas: Escola Estadual Duque de
Caxias - está necessitando de professor de Educação Física e Supervisão de
Orientação Educacional; Escola Estadual Mané Garrincha - falta professor de
Português, Supervisor de Orientação Educacional e Supervisor Pedagógico; Escola
Estadual Álvaro Braga - necessita professor de História, Ciências e de Currículo; Escola Presidente Roosevelt -
necessita professor de Português e Matemática; Escola Estadual Paula Soares -
necessita de professor de Educação Física, Português e Literatura; Escola
Estadual Ildelfonso Gomes - necessita professor de Matemática; Escola Estadual
Padre Rambo - necessita professor de Matemática; Escola Estadual Otávio Rocha -
necessita professor de Matemática e Educação Artística; Escola Estadual Inácio
Montanha - necessita de professor de Matemática, Geografia, Orientador
Educacional e de Currículo; Colégio Estadual Protásio Alves - o Vice-Diretor
nos informou que o quadro estava completo, mas o Presidente do Grêmio
Estudantil nos informou que, até a presente data, os alunos não tiveram aula de
Contabilidade, Mecanografia e Matemática Geral; Escola Estadual Paulo da Gama -
necessita de professor de Currículo; Escola Estadual de 1º e 2º Graus Rio
Branco - faltam professores de Física,
Português e Técnicas Domésticas; Escola Estadual de 1º e 2º Graus
Florinda Tubino Sampaio - faltam professores de Matemática e Educação
Artística; Escola Estadual de 1º Grau Lions Club Porto Alegre Farrapos, na Vila
Dona Teodora - está com o quadro completo; Escola Estadual José Garibaldi -
faltam professores de História,
Geografia e Matemática; Escola Estadual de 1º Grau Carlos Fagundes de Melo -
faltam professores de História; Escola Estadual José Carlos Ferreira - faltam
professores de Currículo e Matemática; Escola Estadual Coronel Aparício Borges
- faltam professores de Geografia.
Nós queremos relatar esses
dados porque, quando fizemos a primeira manifestação e também em outras
ocasiões, achavam que não era
realidade. Hoje nós vemos que, praticamente, quase todas as escolas aqui de
Porto Alegre estão com problemas de falta de professores. Além disso, há
toda uma questão salarial, mas parece
que agora o Governo do Estado está tentando negociar com o CPERS, mas, mesmo
assim, ainda está faltando o pagamento de 1996, de 34,4%. Então, nós
enfatizamos que vamos utilizar esta tribuna, todos os dias, até tentar resguardar
que os alunos de Porto Alegre tenham aquilo que lhes é devido - ou seja,
aulas - e que eles não retornem para suas casas, porque isso está causando
sérios transtornos para a comunidade porto-alegrense. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, durante todo o final de semana e as três manhãs
desta semana, me dediquei cuidadosamente à análise do chamado Orçamento
Plurianual que está sendo enviado pelo Executivo Municipal. Provavelmente, ao
longo de mais de uma semana, porque os quinze minutos não serão suficientes, eu
vou tentar levantar, aqui, algumas coisas que me chamaram a atenção na proposta
do Orçamento Plurianual da Prefeitura Municipal, coisas que me chamaram a
atenção e que acabaram se transformando no levantamento que fiz - cerca de
trinta e oito emendas, até agora, já redigidas, boa parte das quais são,
sobretudo, pequenos acertos, mas
necessários, das propostas da Prefeitura Municipal de Porto Alegre para
com a comunidade e que não tem, certamente, a visão tão otimista quanto a que
foi aqui transmitida pelo Ver. Adeli Sell.
A primeira observação de
caráter genérico que eu quero fazer é o fato de que o documento chamado
Proposta do Plano Plurianual, que, teoricamente, deve ser um documento técnico,
ele é, uma vez mais, a tradução de um posicionamento sempre acirrado,
ideologicamente, por parte da Administração do Partido dos Trabalhadores, que
não se peja de utilizar advérbios, adjetivos e ataques constantes às instâncias
da Administração estadual e federal na proposta, o que me parece absolutamente
equivocado do ponto de vista de uma redação de técnica legislativa de um
documento público, que não é um documento partidário, mas é um documento
administrativo. E, neste sentido, eu pretendo, inclusive, fazer uma série de
destaques, porque entendo que esta Casa aprovar a redação da proposta, que faz
parte da Lei como tal, como se encontra redigida, é simplesmente ser conivente
com um comportamento, no meu entendimento, desrespeitoso em relação a outras
instâncias de governo.
A segunda questão que me
chama a atenção é exatamente, no Projeto de Lei propriamente dito, o art. 3º,
que prevê a referência, por parte das Leis de Diretrizes Orçamentárias, dos
objetivos do Plano Plurianual, mas repete, Ver. Luiz Braz, V.Exa., que presidia
a CEFOR no ano passado, a mesma redação e a mesma omissão que se teve em 1996 em relação a 1997 quanto aos projetos,
aos programas específicos a serem desenvolvidos pela Prefeitura Municipal. Ou
seja: o art. 3º é absolutamente genérico, não define prazos, não define a
obrigatoriedade, sobretudo do Executivo, de mandar os programas e os projetos
específicos para a Casa. Também em relação ao Projeto de Lei, teima o Executivo
Municipal, no seu art. 6º, em manter em 3,5% o orçamento da Câmara Municipal,
quando já deve fazer vários aniversários, quatro ou cinco anos, que esta Casa
emenda, sistematicamente, os projetos anuais e os projetos de Diretrizes
Orçamentárias, insistindo nos 4% que de direito a Casa tem acesso no orçamento
e que, aliás, não gasta, porque, com as complementações e suplementações que o
Executivo faz, acabamos ficando sempre em 3 ou 3,5%. Mas isso não tem impedido que tenhamos brigado sempre pelos 4% -
até o Ver. Zanella, quando respondia pelo relatório do Projeto, insistia nessa
questão. A se julgar pela proposta que temos aqui, o funcionalismo público
municipal vai ter sérias dificuldades nos próximos quatro anos, porque o
Plurianual fixa definitivamente em 60%
o gasto com pessoal, independente da questão que o Ver. João Dib levanta, da inclusão do DMAE. E é curioso porque,
ao mesmo tempo em que registra uma subida constante da receita nos últimos três
anos, registra também uma queda constante nos percentuais de participação do
salário funcional dentro do conjunto da despesa do Município. E agora,
levando-se em conta que nos últimos meses havia atingido 64, 65, 63%, ao fixar
no Plurianual os 60%, porque tem que cumprir a Lei Camata, isso significa que,
de fato, vamos ter mais problemas em relação ao funcionalismo. Por outro lado,
a gente tem algumas surpresas com relação ao Projeto Plurianual. Por exemplo,
no envio do Projeto à Casa, a EPATUR continua prevista na Secretaria de Governo
Municipal, o que evidencia um certo descontrole dentro das propostas e debates que estão sendo
desenvolvidos no Governo Municipal, porque se envia para a Casa um projeto que prevê a extinção da EPATUR e a criação do escritório vinculado à SMIC, mas não se encontra nada no Orçamento Plurianual que concretize esse
Projeto de Lei. Das duas uma: ou o Governo não acredita na própria proposta ou
não acredita no Orçamento Plurianual, ou não tem crédito o Projeto de Lei que
veio à Casa, ou não tem crédito o projeto do Plurianual, porque ele não
registra essa intenção específica como registra outras modificações em relação
aos próximos quatro anos da Administração Municipal. Isso significará que, uma
vez aprovado o Projeto de Lei tal como o proposto, teremos que mexer no
Orçamento Plurianual, se não aprovado,
ficará como está. Mas me pergunto: se não é para mexer, por que esta lei
veio com a redação de vincular à SMIC e
não a qualquer outra área, por exemplo,
como proponho, à Secretaria de Governo
Municipal?
O Sr. Adeli
Sell: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Pude constatar esta lacuna no
Plurianual, particularmente na questão referente ao desenvolvimento do turismo - caso da extinção ou não da EPATUR -,
e de fato devemos fazer uma emenda nesse sentido. Fica um pouco difícil colocar
dessa maneira, porque é uma discussão que está em debate aqui, na Casa, e
esperamos que tenhamos a melhor solução possível.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Agradeço a intervenção de V. Exa. por me dar razão na questão que levanto.
Parece-me que existe uma falta de convicção do Governo, pois, se existisse, ela
teria que estar registrada na SMIC obrigatoriamente. É essa a questão que levanto e me
preocupa a compatibilização de
um texto com o outro. Por outro lado, há algumas convicções que me assustam,
por exemplo, em relação ao DEP, que se propõe a efetuar convênio com o CIENTEC
para controle tecnológico das obras em execução. Parece-me extremamente temerário, sobretudo depois dos
episódios que esta Casa já viveu, que
envolveram o CIENTEC, colocar dentro do Plurianual que um convênio deva ser
feito com o CIENTEC. A redação cuidadosa deveria dizer que se deve efetuar
convênio com instituição pública, com instituição de reconhecido mérito ou
qualidade, mas jamais mencionar especificamente uma instituição, até porque,
independente da posição final da Promotoria Pública, o CIENTEC continua não
sendo uma instituição pública. Portanto, na verdade, o DEP terá que fazer, necessariamente, uma licitação para
contratar alguém. Não vai poder escolher o CIENTEC simplesmente porque quer o
CIENTEC. Pode estar até nas intenções
da Administração contratar o CIENTEC, mas, efetivamente, não é assim que se vai
fazer, porque um valor de convênio será um valor suficientemente alto para que,
no cumprimento da legislação federal, exija a licitação e, portanto, necessariamente
não vai dar a vitória do CIENTEC em relação a essa situação.
Li, atentamente, dentre tantos outros objetivos, as atividades do Porto Sol, e não
vi registrado, mas tentarei fazer registrar, que entre os objetivos do Porto
Sol deva constar, também, a necessidade da diminuição da cobrança de
juros hoje cobrados, que foram alvo de um debate recente na Casa.
O Sr. Adeli
Sell: V.
Exa. permite um aparte?
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Vou pedir a V. Exa. que me deixe completar, senão vai ser difícil discutir com
V.Exa. depois. Por favor, anote as
questões e acredito que vamos fazer dois bons, excelentes debates na sexta e
segunda-feira próximas. Se eu tiver tempo, evidentemente, lhe darei
imediatamente o aparte.
O Sr. José
Valdir: E
eu ficarei escutando V.Exa.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Muito
honrado, Ver. José Valdir. Na área da Cultura, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
muito especialmente o Ver. José Valdir, que me premia com a atenção, senti
falta de uma coisa pela qual, curiosamente, a Prefeitura brigou tanto, e,
depois de conquistada, esquece, que são as conferências municipais de cultura. Não aparecem
mencionadas em nenhum lugar do Plano Plurianual, como não aparece menção em
nenhum lugar do apoio logístico necessário, porque o Plano Plurianual
compreende 1998, em relação à implantação do Conselho Municipal de Cultura, que, obviamente, vai estar dando
os seus primeiros passos no final de 97 e início de 98, mas também não aparece
aqui no projeto enviado pelo Governo. É isso, Ver. Adeli Sell, que me preocupa
na seriedade do texto enviado à Casa.
A Prefeitura briga ao longo
de três anos e, durante este tempo, tranca um projeto de autoria deste Vereador
que criava o Conselho Municipal de Cultura sob a desculpa de que queria
institucionalizar uma conferência municipal de cultura, mas, depois que
institucionaliza, não a inclui no Plano Plurianual. Então, não está se levando
a sério ou não vai fazer a segunda conferência neste ano de 97 e a terceira no
de 99, ou então, realmente, eu fico em dúvida quanto à seriedade do projeto que
é enviado à Casa. De toda a maneira, fiquei satisfeito, Ver. José Valdir, que
está incluído aí o projeto de literatura sobre a temática do trabalho e que
aprovamos recentemente numa proposição
deste Vereador, atendendo a um pedido da nossa companheira que, na época, atuava na Usina do Gasômetro e que, embora
dispensada pela Administração Municipal atual, nem por isso deixou de marcar o
seu trabalho lá nesse concurso “Histórias do Trabalhador” e que estão, agora,
aqui registradas. (Lê.) “Promover o registro literário referente à temática do trabalho”.
Quero dizer que vou emendar,
mais uma vez, Ver. José Valdir, através do concurso “Histórias do Trabalhador”,
que foi um projeto que votamos aqui e que, inclusive, teve o apoio unânime da
Bancada petista.
Gostaria de registrar,
também, na área de cultura, a menção do festival de coros, uma menção indireta,
que foi um projeto que nós fizemos uma emenda ao orçamento do ano passado,
garantindo cem mil reais para o orçamento deste ano para promoção de festival
de coros.
A proposta da Cultura fala
genericamente em divulgar o canto coral
em Porto Alegre e esquece-se de mencionar o cumprimento da lei específica, Ver.
Lauro Hagemann, porque temos uma lei que diz que a Prefeitura deve prestar
auxílio ao festival. E, por isso,
fizemos aquela emenda, que a Casa aprovou e o Executivo aceitou, de garantir
cem mil reais, que será o valor histórico garantido a cada orçamento anual, no
mesmo espírito do que são os valores do FUNPROARTE e FUNCULTURA, ou seja,
valores que podem ser corrigidos, mantendo a sua atualidade ano a ano.
Sr. Presidente, quero
agradecer ao Ver. Adeli Sell e pedir-lhe desculpas por não ter podido dar
aparte pela segunda vez, mas sei que V.Exa. vai voltar a discutir a questão no
mesmo detalhamento com que estou procurando trazer aqui. Certamente, poderemos continuar debatendo - eu procurando levantar o que vejo de falhas
e V. Exa. o que vê de acertos. E há
muitos acertos, quero deixar registrado. Poderemos, nas próximas Sessões,
continuar este debate em torno do Orçamento
Plurianual. Que não se diga que
a Bancada de situação esteve omissa ou ausente
em relação à discussão. Tanto o Ver. Cyro Martini quanto o Ver. Adeli
Sell trouxeram alguns comentários, e
eu, da minha parte, vou me esforçar
para trazer algumas críticas, e assim poderemos chegar a um somatório que
melhore a proposta para a Cidade de
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO (Requerimento): Sr. Presidente, o meu
Requerimento é no sentido de que
se passe imediatamente à Ordem do Dia em função do adiantado da hora.
O SR.
PRESIDENTE: Requerimento
de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo,
que pede para passarmos imediatamente à Ordem do Dia, depois Pauta, assegurando, com certeza, as
inscrições das bancadas em tempo de Liderança.
O SR.
REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, não é nem Questão de Ordem, mas, se tratando de um Requerimento em
que, de certa maneira, eu teria
interesse porque estou inscrito na Pauta normal, quero dizer que, dentro
da relevância da necessidade imediata de ingressar na Ordem do Dia, como são 16 horas, apóio a proposição do Ver.
Cláudio Sebenelo.
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
O Ver. Luiz Braz está com a
palavra em tempo de Liderança.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Uma das maiores falhas, um dos maiores erros que
encontramos no regime fascista é exatamente a discriminação. É no regime
fascista que encontramos realmente as maiores discriminações. Estou falando
isso porque me deparo com uma
discriminação havida dentro do Município de Porto Alegre e, por ser inerente ao
fascismo, temos que nos cuidar para que
ela não se torne hábito ou verificar se essa atitude não é rotineira dentro do
Município de Porto Alegre.
Falo sobre o funcionário Carlos Roberto de Souza Lopes. Esse
funcionário alegou que, por ser portador do vírus HIV (AIDS), foi impedido, a
partir de 26 de novembro do ano
passado, de ingressar no prédio da SMOV e de continuar desenvolvendo suas
atividades. Relata que foi alvo de ironias
e discriminação por parte de colegas de serviço e diz que, após inúmeras
tentativas para ter acesso ao local de trabalho, sua chefia comunicou-lhe que
não poderia trabalhar mais, alegando que ele não estava apto, exatamente por
causa da AIDS.
O Município, em sua defesa, diz o seguinte: “Uma vez que a
despedida importa ruptura de contrato de trabalho, perde-se integralmente o
objeto aposto em supra, eis que não há que se cogitar de retorno do empregado
ao trabalho, em virtude da resolução do pacto. Assim, resta prejudicado e
desnecessária a apreciação e o eventual deferimento da antecipação de tutela,
eis que não subsistência do contrato
inviabiliza tal procedência”.
O que quis, na verdade, a área jurídica da Administração chamada
popular? Quis desviar o foco. O foco, o motivo da despedida é, exatamente,
porque o funcionário tinha o vírus da AIDS.
A Juíza que julgou a ação deu uma verdadeira lição na
Administração chamada popular e, nessa lição dada pela Juíza, diz o seguinte:
“Em face do exposto, resolve a 18ª
Junta de Conciliação e Julgamento de Porto Alegre deferir, na forma do art. 273
do Código de Processo Civil, o pedido de tutela antecipada, fazendo-se com que
retorne o reclamante às suas atividades normais junto ao reclamado” - ou seja,
junto à Administração chamada popular - “visando garantir a continuidade do
trabalho requerida pelo mesmo enquanto em vigor o contrato, para tanto
expedindo-se mandado por oficial de Justiça”. É assinado pela Juíza do Trabalho
Eurídice Josefina Baggio Torres.
Apesar desta sentença, a
Administração chamada popular insiste em dizer que esse funcionário vai ser
readmitido porque a Juíza está mandando que ele seja readmitido, mas logo após
a sua readmissão ele vai ser colocado na rua. E não é por incompetência, não é
porque ele seja inapto para suas funções, não é porque a sua doença o atrapalhe
para realizar as suas funções; é somente pelo fato de ele estar com o vírus da
AIDS.
E eu quero chamar a atenção
para o fato de que ele veio até esta Casa. Ele foi ouvido por alguns
Vereadores, inclusive Vereadores do PT, e eu não vi nenhum desses Vereadores vir
à tribuna em defesa desse funcionário. Estavam esperando somente que a decisão
da Justiça lhe fosse contrária. Mas, felizmente, nós temos, ainda, lá no
Judiciário, pessoas decentes, altamente competentes e que estão lá exatamente
para julgarem esses problemas e evitarem que erros tão crassos como esse que
estava sendo cometido pela Administração pudesse ter continuidade. Que essa
discriminação não se torne rotineira. Ela faz com que nós voltemos a pensar no
regime fascista. Que ela não seja o ponto alto da Administração petista. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, quero falar na qualidade de Presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Casa.
O SR.
PRESIDENTE: Isso não é possível,
Vereadora. Use o tempo de Liderança.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Na verdade,
Sr. Presidente, eu quero esclarecer, e
me parece que é uma Questão de Ordem procedente...
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente, Questão de Ordem não é esclarecimento!
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: V.Exa. é o Presidente e, portanto, dirijo-me
a V.Exa. e não ao Vereador. Em nome dos Vereadores da Comissão de Direitos
Humanos da Casa - Ver. Isaac Ainhorn,
Ver. Fernando Záchia, Vera. Tereza Franco -, gostaria de dizer que analisamos a
questão. O relatório está concluído e está, neste momento, com pedido de vista
do Ver. Isaac Ainhorn. Para que não pairem dúvidas sobre a Casa, comunicamos
que damos curso e encaminhamos soluções, em nossa Comissão, sobre questões
pertinentes à Cidade de Porto Alegre e de interesse da cidadania.
O SR. LUIZ
BRAZ (Questão de Ordem): O Judiciário já julgou a
ação. Se dependesse da ação da Comissão de que faz parte a Vera. Maria do
Rosário, esse funcionário já estaria na rua. Na verdade, não justifica a tal de
"Questão de Ordem" - entre aspas - da Vera. Maria do Rosário.
O SR.
PRESIDENTE:
Estamos entendendo como esclarecimento.
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Tem sido costume, nesta Casa, quando questionado sobre uma matéria que
se encontra no âmbito de uma Comissão, o Presidente dessa Comissão esclarecer
algum ponto, pois existe interesse de toda a Casa, sobretudo quando o Vereador se manifesta sobre o tema. De outro
lado, informo a V.Exa. que o tempo que eu tinha para vista já se esgotou e o
processo encontra-se na secretaria da Comissão.
O SR.
PRESIDENTE: Solicito
ao Sr. Secretário que proceda à chamada para verificação de quórum.
(O Sr. Secretário procede à chamada dos Srs. Vereadores.)
O SR. LUIZ
BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, este Vereador está sendo insultado pela Vera. Maria do Rosário e isso é falta de decoro,
porque está acontecendo dentro deste Plenário e anti-regimentalmente. Peço que
V.Exa. tome as providências porque senão também vou utilizar falta de decoro e
vou agredi-la do mesmo modo como estou sendo agredido.
O SR.
PRESIDENTE: Por gentileza, Srs. Vereadores, vamos manter
a calma. Segundo o Ver. João Dib, vamo-nos conciliar.
(O Sr. Secretário prossegue
com a chamada dos Srs. Vereadores para entrada na Ordem do Dia.)
O SR.
PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
Passamos aos Requerimentos.
Estamos recebendo, neste momento, mais um Requerimento, este de autoria do Ver. Reginaldo Pujol. Já entramos na
Ordem do Dia, na qual apreciaremos primeiro os Requerimentos, depois os
Projetos em tela.
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O primeiro Requerimento é uma Moção de Apoio ao nome do escritor
gaúcho Moacyr Scliar como candidato à Academia Brasileira de Letras. O autor do
Requerimento é o Ver. Antonio Hohlfeldt, que está com a palavra para
encaminhar.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Não quero tomar todo o tempo, porque todos os
Srs. Vereadores estão informados da situação.
Há alguns anos, o escritor
Viana Moog, membro da Academia Brasileira de Letras, teve a iniciativa, que
acabou se tornando uma infeliz iniciativa, de propor o nome do poeta Mário
Quintana para a Academia Brasileira de Letras.
A falta de mobilização no
Rio Grande do Sul, a falta de apoio ao nome do Mário Quintana, que era o nosso
poeta maior, e é, no sentido de que sua obra está viva, embora ele já tenha
morrido, fez com que Mário Quintana fosse humilhado, de uma certa maneira, na
medida em que, por três vezes, a Academia cedeu às políticas de caça de votos,
que são tradicionais, e Mário Quintana
não teve essa indicação.
Um grupo de escritores toma,
agora, a iniciativa de lançar o nome do nosso romancista, nesse momento,
talvez, mais significativo, ao lado de Luiz Antonio de Assis Brasil. Pelo
conjunto de obras, pela importância da sua obra no conjunto da literatura
brasileira, pelo número de obras traduzidas, se levanta o nome de Moacyr Scliar
para a Academia Brasileira de Letras.
É nesse sentido que estou
apresentando esta Moção de Apoio à iniciativa. Apoiar o nome de Moacyr Scliar é
apoiar, sobretudo, o nome de um escritor que tem hoje reconhecimento nacional,
que tem sido chamado permanentemente a compor uma série de comissões, que tem
escrito diuturnamente e sido lido pelo leitor de jornal, pelo leitor de livro,
pelo leitor de crônicas, pelo leitor de romances, que reúne um conjunto de
premiações, inclusive no exterior, dentre as quais o Prêmio Casa das Américas,
de Cuba, extremamente importante.
Quero pedir o apoio unânime
da Casa porque estamos definindo que esta Moção seja enviada, dentre outros, à
própria Academia, ao escritor e a outros âmbitos em nível da Câmara Brasileira
do Livro, da Câmara Rio-grandense do Livro, no sentido de colocar a posição desta
Casa em apoio a Moacyr Scliar, que já é homenageado da Casa com o Prêmio Érico
Veríssimo, que foi concedido pelo Legislativo Municipal.
É nesse sentido que estou
fazendo o encaminhamento favorável a esse apoio a Moacyr Scliar. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador).
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na mesma linha do Ver. Antonio
Hohlfeldt, e agora até mais favorecido em virtude do seu pronunciamento,
pretendo não esgotar os cinco minutos que me são colocados à disposição para
acentuar a nossa integral solidariedade à proposição pelos próprios fundamentos
que o Ver. Antonio Hohlfeldt objetivamente abordou. Se alguma coisa a mais
precisasse ser dita, essa seria de que, além de gaúcho, o nosso homenageado, a
pessoa a quem queremos dedicar o nosso
apoio, Moacyr Scliar, é, de todos os gaúchos que escrevem, que fazem crônicas,
que pertencem ao mundo cultural do nosso Estado, aquele que mais objetivamente
fala do cotidiano da nossa Cidade, dos bairros de Porto Alegre, especialmente o
Bom Fim. Percebendo que há uma consciência generalizada da Casa de que não
podemos estar alheios a esse movimento para não sermos colhidos de surpresa,
como o fomos quando do episódio anterior, em que o nosso poeta maior, ainda
vivo na ocasião, se viu obstado de compor a Academia de Letras, para que isso
não ocorra novamente, foi feliz o Ver. Antonio Hohlfeldt ao requerer, em tempo hábil, essa nossa
manifestação. O PFL, naturalmente, estará entre aqueles que, de pronto, haverão
de dar a mais integral solidariedade para a aprovação desse Requerimento. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao cumprimentar o nosso colega Ver. Antonio
Hohlfeldt pela proposição, queria falar do Moacyr Scliar, porto-alegrense
nascido no Bom Fim, que tanto tem trazido da cultura israelita para nós, especialmente
do tipo humano porto-alegrense em que ele espelha tão bem pela sua forma de
ser, pela sua multiplicidade e pela personalidade acentuada como desportista, sendo um grande jogador de
basquete. Como desportista, torcendo pelo extinto Clube Cruzeiro, ele é um dos
dezoito sócios e as mensalidades do clube não precisam mais ser pagas porque o clube foi extinto. Mas Moacyr
Scliar tem a postura de um médico competente, um clínico-geral formado na
Enfermaria 29 e tendo o Professor Rubens Maciel como residente. Saindo por esta Porto Alegre afora e se dedicando,
na parte de clínica-geral no Sanatório
Partenon, aos tuberculosos, durante anos e anos foi chefe de clínica, foi um companheiro
diário, e muito com ele aprendi. Moacyr Scliar, indiscutivelmente, é um dos
nossos maiores escritores, junto com Lya Luft e, certamente, Luís Antônio de
Assis Brasil. A saga porto-alegrense está, indiscutivelmente, retratada na obra
de Moacyr Scliar. O conto “A Orelha de Van Gogh” é alguma das coisas mais
enternecedoras do conhecimento da alma
humana. Ele é mestre no conhecimento, na cultura e na anedota israelita do Bom
Fim, do tipo popular que freqüentava o famoso Bar do Fedor. Junto com Mário
Quintana, é hoje expressão de Porto Alegre que merecia, já há muito tempo, estar
na Academia Brasileira de Letras. Hoje, Scliar, sem postular a cadeira, aceita
a sua nomeação, e penso que essa indicação da Câmara de Vereadores é
fundamental para que tenhamos, pelo menos, resgatada a dívida imensa que o
Brasil inteiro tem com nossos autores rio-grandenses, sempre ignorados, com
algumas honrosas exceções, como Érico Veríssimo, Carlos Nejar e Viana Moog.
Temos, indiscutivelmente, com a presença de Moacyr Scliar na Academia
Brasileira de Letras, muito mais que um resgate da cultura gaúcha, de uma
cultura internacional que ele representa, inclusive a presença de cada um de
nós, porto-alegrenses, neste Brasil inteiro cuja cultura, cujo perfil de sua
população temos o orgulho de ter espalhado
por todo este País através dos escritos de Moacyr Scliar. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador. )
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Com a palavra o Ver. Isaac
Ainhorn para encaminhar pelo PDT.
O SR. ISAAC
AINHORN:
"Canta a tua aldeia e serás universal", já dizia o velho
Tolstoi. Ingressar na Academia
Brasileira de Letras, apesar das polêmicas, se constitui uma honraria. Não é o
escritor Moacyr Scliar que está pleiteando; é um conjunto de escritores que
estão fazendo a sua indicação para a Casa de Machado de Assis. Esta Casa não
poderia ficar alheia a essa situação. Não é surpresa para ninguém que a
iniciativa partiu do Ver. Antonio Hohlfeldt,
homem ligado à literatura, às letras, à cultura rio-grandense e à
cultura brasileira. É óbvio que essa promoção se enriquece com essa iniciativa
do Ver. Antonio Hohlfeldt, que ganha, com certeza, o apoio do conjunto da Casa.
Vale lembrar, neste momento, a condição judaica do escritor Moacyr Scliar, do
espezinhamento dessa comunidade durante séculos e séculos através da história.
Ainda ontem, a Câmara Federal, por iniciativa do Dep. Paulo Paim, aprovou um
Projeto de Lei que pune, de forma rigorosa, os crimes de discriminação racial,
dando continuidade a uma linha de medidas da Câmara Federal, de iniciativa do Deputado Federal Caró e do
ex-Deputado Federal Ibsen Pinheiro. Na proposta do Deputado Paim, se proíbe, em todo o território nacional, a exposição, o uso, a venda e a
comercialização da cruz suástica e de tudo que possa lembrar o inferno nazista.
Por essa razão, neste momento em que esta Casa faz uma Moção de Apoio à indicação de Moacyr Scliar para integrar a
Academia Brasileira de Letras, não poderíamos deixar de registrar a posição da
nossa Bancada. Estamos interpretando, através das diversas bancadas desta Casa,
o sentimento do povo porto-alegrense e o sentimento do povo rio-grandense,
sobretudo para quem tem, da Cidade de Porto Alegre e desta Casa, o Prêmio Érico
Veríssimo concedido a escritores de renome. O conjunto da obra de Moacyr
Scliar reveste-se, evidentemente, da
maior importância hoje para a cultura local, para a cultura brasileira e para a
cultura universal, pelos personagens e pela estrutura de obra literária que desenvolveu no decorrer desses
anos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para encaminhar.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, em boa hora esta Casa decide apoiar a candidatura de Moacyr Scliar à Academia Brasileira de Letras. Espero que
aconteça um desfecho feliz para esse processo. O Mário Quintana várias vezes
foi indicado, recebeu votos contrários e acabou desistindo da sua candidatura.
Espero que isso não aconteça com o Moacyr Scliar.
O nome Scliar, para Porto
Alegre, tem um significado muito especial. A família Scliar tem um passado de
representatividade em Porto Alegre muito expressivo. O velho Henrique, tio do
Moacyr, foi um dos fundadores do Clube de Cultura; o velho José, pai do Moacyr,
ainda vive aqui; o Carlos é um pintor de renome internacional; e existem outros
Scliar que têm uma permanente inserção no meio artístico deste País, no meio
intelectual. De sorte que vamos apoiar, com toda a vontade e interesse, a
manifestação desta Casa. E o fotógrafo Salomão Scliar, me "assopra" o Ver. Antonio
Hohlfeldt, como contribuição ao elenco de familiares Scliar, que integram essa
plêiade de artistas e intelectuais.
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa garante o seu tempo. De fato, é desagradável a toda hora pedir
silêncio. A pedido do Ver. Pedro
Américo Leal, solicito que haja silêncio.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Agradeço
a interferência do Ver. Pedro Américo. Presumo que o discurso não tenha sido
capaz de despertar o interesse do Plenário. Desculpo-me e deixo a tribuna.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. João Motta está com a palavra para encaminhar pelo Partido dos
Trabalhadores.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, seria uma omissão, na minha opinião, se a Bancada
do Partido dos Trabalhadores não manifestasse o seu apoio, a sua solidariedade
a esta proposição, feita num momento absolutamente oportuno, quando nós
tivemos, nestes últimos dias, a presença, aqui em Porto Alegre, de uma das
escritoras mais famosas do Brasil, Membro da Academia Brasileira de Letras e
que esteve cumprindo uma agenda intensa na nossa Cidade.
Acho, também, por outro
lado, que significa para todos nós, para Porto Alegre em particular, uma
tentativa de fazer uma espécie de acerto de contas, Ver. Lauro Hagemann, com a
Academia Brasileira de Letras, que, sabemos nós, muitas vezes preteriu o Rio
Grande do Sul - em particular, numa das vezes, preteriu a indicação do nosso
inesquecível e querido poeta Mário Quintana. Com esta indicação, o Rio Grande
do Sul mais uma vez coloca o nome à altura da Academia Brasileira de Letras, e
eu espero que a Academia Brasileira de Letras esteja à altura da indicação que
nós estamos fazendo, neste momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador. )
O SR.
PRESIDENTE: Não
havendo mais quem queira encaminhar, nós colocamos em votação o Requerimento de
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que requer uma Moção de Apoio ao nome do
escritor gaúcho Moacyr Scliar como candidato à Academia Brasileira de Letras.
Eu me permito, também, como Presidente, me solidarizar, para que conste nos
Anais esse tipo de iniciativa. É um merecimento de que todos nós devemo-nos
orgulhar.
Em votação o Requerimento de
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO por
unanimidade.
O SR.
SECRETÁRIO: Requerimento
de autoria da Mesa Diretora, solicitando que o Grande Expediente da Sessão
Ordinária de 26.05.97 seja destinado a homenagear a passagem dos 70 anos da
FARSUL.
O SR.
PRESIDENTE: Em
votação.(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
O SR.
SECRETÁRIO:
De autoria do Ver. Fernando Záchia,
Moção de Repúdio à ação da Prefeitura Municipal cometida contra o Sport
Club Internacional.
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação. Para encaminhar, tem a palavra o Ver. Fernando Záchia.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. A própria
Moção já diz o motivo da sua solicitação, que foi a maneira prepotente,
autoritária, violenta que ontem sofreu
uma das maiores - senão a maior - instituições do Estado por parte da Prefeitura.
Eu e o Ver. Cláudio Sebenelo estivemos lá e presenciamos toda essa
arbitrariedade. E o Ver. Gerson Almeida
certamente vai tentar explicar essa divergência que existe quanto à
titularidade, não à posse, da área. Entendo, e qualquer pessoa entende, que
deveriam ser procurados os canais competentes, os canais legais, que é a
Justiça. Depois de diversas negociações, culminando com uma reunião na
sexta-feira, na terça-feira pela manhã estiveram lá mais de vinte funcionários.
Existem, Ver. Dib, as fotos. O funcionário da Casa, o fotógrafo Santinho, registrou a presença dos
seguranças com jalecos da SMOV. Os funcionários rebentaram um muro com 32m de
concreto com a retroescavadeira e botaram abaixo um muro com 90m de tela. A
SMOV carregou para o seu depósito - nem isso o Ver. Luiz Braz errou. O material
é do clube. Em me pergunto: se agiram dessa maneira, com toda a imprensa lá
presente, imagine, Ver. Pedro Américo Leal, como não deve ser com as outras instituições menores ou
com menor repercussão do que o Internacional? Usaram a mesma violência, o mesmo
autoritarismo do tempo da ditadura. Há muito tempo não se via coisa parecida,
porque instituições como o Internacional e como a Prefeitura são passíveis de
negociação. Não houve negociação. Houve autoritarismo, prepotência, violência e
a ordem muito bem clara dita pelo
Estilac Xavier e pelo Secretário da SMAM: “estamos cumprindo ordem do Sr.
Prefeito Municipal”. Isso partiu diretamente do Prefeito Raul Pont, a pessoa
que governa Porto Alegre e que demonstrou
esse equilíbrio ontem.
Por isso a Moção é muito
clara: é repúdio ao Prefeito Municipal
de Porto Alegre porque não respeitou uma instituição que tem uma história, que
tem a posse dessa área por vinte anos. Um contrato para mais vinte anos e vai
lá e usa desse arbitrarismo. Entendemos que esta Câmara não pode não se
pronunciar, e eu sempre deixei bem claro que sou contrário a moções, porque
entendo que temos coisas mais importantes para nos manifestarmos com relação a
Porto Alegre. Votamos moções de Brasília, votamos moções do Estado do Rio
Grande do Sul. Agora, esta é uma moção específica de Porto Alegre. Foi um ato
de violência de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, ilustres visitas que nos honram com sua presença.
Porto Alegre, hoje, acordou de luto; Porto Alegre, hoje, acordou, pela primeira
vez, solidária na dupla Grêmio e Internacional, os gremistas solidários aos
colorados. Vocês escolham o adjetivo para o ato: irracional, sorrateiro,
preconcebido, violento, truculento, arbitrário, desprovido de bom senso, ou
todos juntos - esta é a opinião do
cronista Cláudio Cabral, da Band: todos juntos podem definir: patrolas,
motoniveladoras, retroescavadeiras, o Secretários da SMOV e da SMAM e uma
bastante procuradora para fazer cair os muros, os postes de concreto, as
árvores, os arbustos, os rolos de arame e as telas pela "blitz
krieger" do exército brancaleone que se estabeleceu no Paço Municipal.
Está bem: a Prefeitura, do
ponto de vista documental, tem toda a razão. Não vamos discutir. Vamos admitir
como premissa de discussão que a Prefeitura tem toda a razão. Se acham que estão com a razão - e não estão
- e já admitiram que é polêmico o
assunto, por que a pessoa que tem razão vai cometer esta barbaridade que está
perfeitamente fotografada na edição do "Correio do Povo" de hoje, vai
cometer este ato insano por um estado policial, por força da polícia. Ora, o
que eles estão gostando é de usar a força de polícia, o estado policial. Não
houve uma pessoa do PT, até agora, que disse: “não, desculpem, nós nos
excedemos, não fomos felizes”. Qualquer coisa assim. Mas todos acham que foi
uma maravilha. Todas as pessoas com as quais falei, ontem, do PT -, e tivemos
altercações sérias, na televisão e fora dela - acham que foi uma beleza,
que foi uma demonstração de força. Mas que bom! Mas contra quem e por quê? Pois a população de Porto Alegre deve
guardar estes nomes: Raul Pont, Estilac Xavier e Hideraldo Caron, as pessoas que mandaram - um que mandou, o
Prefeito, e dois secretários que executaram. Na metade deu a luta, com
seguranças, com aparatos imensos de destruição. Não sabemos por quê.
Quero registrar com
desagrado, com a maior tristeza, com uma mágoa muito grande que nós,
porto-alegrenses, somos, hoje, administrados por uma administração que não está
sendo feliz em todos os pontos que temos discutido aqui. Agora, o Prefeito de
Porto Alegre disse que esse episódio foi um episódio pequeno. Não, Prefeito, o
senhor está enganado. Pequena foi a sua atitude. Pequena foi a sua visão, como
dizia, ontem, o Secretário Hideraldo Caron. Nós passamos muito tempo discutindo
este assunto. Mas não teve nenhuma luz que dissesse “não” à violência? Quantas
vezes reclamamos da violência do movimento dos sem-terra, da invasão. Pois hoje
vemos que a Administração que está localizada no Paço Municipal, que se peja e
que tem a coragem de botar o carimbo... E
outro dia eu disse aqui que quem tem o direito de carimbar, numa
administração ou numa cidade, é o seu
povo e não a pessoa que ostenta o poder. E a essa tal de Administração Popular
queremos comunicar que o Inter exige respeito.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa registra, com satisfação, a presença do Suplente de Vereador do PFL,
Sr. Gilberto Batista, assim como a Suplente de Vereador do PT, Sra.
Maristela Maffei.
A Mesa transmite um convite
a todos os Vereadores feito pela TV COM
que, através dos seus representantes, convida todos os Srs. Vereadores para
amanhã, às 19 horas, comemorar, no Morro Santa Teresa, na sede da televisão, os
dois anos de funcionamento da TV
COM. O convite foi transmitido ao nosso coordenador de Comunicação Social e Imprensa, o
jornalista Gilmar Eitelven.
O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Antes de iniciar o meu tempo,
gostaria de lembrar a Mesa que amanhã,
às 19 horas, a Casa está convocada para uma Sessão Solene em homenagem à
Sociedade Gondoleiros.
O SR.
PRESIDENTE: Faremos o possível para que estejam
presentes aqui também alguns Vereadores.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Fiz um apelo ao Ver. Fernando
Záchia no sentido de que ele nos
permitisse sermos o segundo signatário
desta proposição. Fi-lo com a mais absoluta das razões. Não desconhece
esta Casa, não desconhece a Cidade de Porto Alegre a nossa condição de
integrante do Conselho Deliberativo do Grêmio Futebol Porto-alegrense, de
gremista de coração, emotivo e até
exaltado, com muita freqüência. Não desconhece esta Casa que somos Vereadores
eleitos por um segmento expressivo da comunidade porto-alegrense onde,
obviamente, existe representação daquelas duas paixões que dividem o Estado do
Rio Grande do Sul - o Grêmio e o Internacional, o Internacional e o Grêmio.
Certamente, Sr. Presidente, não teria que justificar a quem quer que seja a
nossa integração ao protesto requerido pela maioria da Casa, que acompanha o
Requerimento do Ver. Fernando Záchia, em razão do que, Sr. Presidente, com a
autoridade de quem esteve solidário com o Movimento da Reorganização Nacional
que, durante largo período, comandou os destinos deste País e que, mesmo naquelas circunstâncias, em nenhum momento, pactuou
com nenhum excesso de autoritarismo que se pretendesse realizar a qualquer
pretexto e sob qualquer fundamento... O Ver. José Valdir nos pergunta se a
nossa rebeldia era somente contra o excesso. E eu lhe respondo dizendo que a
nossa rebeldia era contra todo aquele ato que não tivesse a tutela judicial,
que não tivesse a cautela de, antes de tomar uma providência da ordem daquela
que ontem foi tomada contra o Sport Club Internacional, buscar a competente
autoridade judicial para lastrear a operação militar que foi realizada ontem na
Av. Beira Rio.
A História do Rio Grande do
Sul é rica em exemplos de chimangos e maragatos unindo-se em prol de objetivos
comuns. Eu quero - não como um gremista Vereador nem tampouco como Vereador
gremista, mas sobretudo como um cidadão de Porto Alegre que tem o privilégio de
ser um dos integrantes desse sodalício - vir, de público, me somar ao protesto
legítimo daqueles que foram a vítima direta do autoritarismo ontem demonstrado
policialmente, policialescamente. Quero dizer que estou solidário com eles.
Provavelmente, até por inteligência, é provável que eu esteja escolhendo hoje a
barricada colorada contra a prepotência para amanhã não ter que abrir uma
barricada no meu glorioso Grêmio. Porque a prepotência de hoje, se não houver
protestos como os que aqui estão acontecendo, certamente será registrada outras
vezes por parte daqueles que buscam, até mesmo, se arvorar como poder
supradiscricionário, não vivenciado neste País em nenhum momento, nem no Estado
nem no período de 64, mas vivido ontem, em Porto Alegre, às escâncaras, perante
toda imprensa, numa demonstração não só do autoritarismo, mas, sobretudo, da
postura quase que napoleônica ou supranapoleônica com que os dirigentes do
Município resolvem, a seu modo, uma situação já implementada há cerca de vinte
anos nesta Cidade.
Por isso, Sr. Presidente, em
nome do PFL, um partido liberal, cujas
idéias sempre surgiram em oposição à opressão dos autoritários contra a
sociedade, venho, aqui, hoje, em defesa da sociedade colorada, dizer que não
serão as nossas divergências clubísticas que irão impedir que venhamos, em alto
e bom som, apresentar nossa
solidariedade ao Ver. Fernando Záchia e ao Ver. Sebenelo, que são conselheiros
do Internacional, e quem sabe até vítimas de algum tipo de retaliação, e dizer
a eles que nessa hora eu posso, até mesmo com a camiseta tricolor no peito,
estar ao lado deles defendendo o direito e, sobretudo, me opondo ao
autoritarismo despótico ontem manifestado às margens do nosso querido rio Guaíba.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra em nome do Partido Progressista Brasileiro.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Repudio a incompetência, repudio a
insensibilidade, repudio a força bruta. E por que digo isso? É porque ontem
houve uma agressão inominável, nesta Cidade, por parte de um partido. E reiteradas vezes eu digo que o PT é o
partido da teimosia. Teimam, não aceitam, não dialogam, são incoerentes. O
mesmo partido da teimosia, que incentiva a invasão de áreas produtivas, que
divulga as canções de guerra dos invasores, parece não saber, por falta de
inteligência, por falta de sensibilidade ou por falta de coerência - incentiva
a invasão e para que o invasor saia da propriedade definida, sem dúvida, há
necessidade de uma ação na Justiça para reintegração de posse. Aí, dada a
decisão judicial, o partido da teimosia está lá, com seus deputados, com seus
vereadores, com seus seguidores,
pedindo que seja dado mais prazo. É exatamente essa posse que eu
gostaria de discutir. Ninguém tem dúvida
de que havia posse por parte do Sport Club Internacional - e eu sou
conselheiro do Grêmio, à semelhança do Ver. Pujol -, ninguém pode ter dúvida de
que havia posse por vinte anos, cerca, muro, moirões, concreto e um
apressamento terrível por parte daqueles que não se entendem dentro da
administração, porque um puxa para a direita e outro para a esquerda; um puxa
para cima e outro puxa para baixo!
Esses insensíveis, incompetentes, foram lá com maquinária da Prefeitura
e destruíram o muro, derrubaram uma cerca com moirões de concreto. E eu dizia,
ontem, na televisão, para que ninguém se engane: “um moirão de concreto é uma
obra de engenharia, é uma construção feita por alguém que tinha a posse”! Além do muro, que é outra construção! Eu não discuto se aquela área pertence ou
não ao Sport Club Internacional, mas ele tinha a posse! E aí, os doutos da Prefeitura alegaram o
poder de polícia. Ora, poder de polícia - engraçado, eles sempre falam mal da
polícia que age com muita força, com muito vigor e estão aí buscando os
direitos humanos e até os direitos desumanos! Poder de polícia, sim, quando
alguém coloca ali, na Av. Loureiro da Silva, uma série de pedras interditando o trânsito. A Secretaria dos Transportes,
a Secretaria de Obras têm o poder de
polícia - mais do que isso, um dever de polícia. Agora, poder de polícia não
derruba muro instalado há vinte anos, não faz a derrubada de uma cerca e de
mural de concreto. Isso não é poder de polícia, é arbitrariedade do Partido que
dirige a Cidade com teimosia e que não aceita o debate. Ontem, na televisão, quando eu debatia, com
a tranqüilidade que sempre tenho, eu ouvia o PT dizer que, quanto ao poder de
polícia, eles estavam autorizados a fazer o que faziam. Deve ser a mesma
autoridade que eles tinham quando encaminharam a esta Casa o Direito Real de
Uso da Vila Jardim. Só que havia decisão da Justiça dizendo que aquela área não
poderia ser tocada, e o Partido dos Trabalhadores, o Partido da teimosia,
encaminhou projeto a esta Casa, escondendo dos Vereadores que havia uma liminar
sobre a área à qual estava sendo pretendido dar o Direito Real de Uso, que era
área de praça, área que os moradores que compraram os lotes pagaram por ela e a
Prefeitura estava querendo agora dar o Direito Real de Uso. Então, a Prefeitura
desconhece realmente a Justiça. Poderia, sem dúvida nenhuma, com ação judicial,
reformar a área; não, preferiu ação truculenta, despótica, inominável, que eles
sempre criticaram nos outros que até não fizeram tal tipo de ação. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.
O SR. GERSON
ALMEIDA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Mais uma Moção de Repúdio regimental, só que
agora tem o seguinte: a Prefeitura Municipal não invadiu área alguma. Nós não
vamos mudar aqui o sujeito da ação. A Prefeitura recuperou uma área pública,
sobre a qual não tem qualquer controvérsia de que ela seja pública. Não há
qualquer documento, qualquer um que seja, que autorize ou que tire a
propriedade daquela área pública. E isso é importante, porque a Câmara de
Vereadores de Porto Alegre vai discutir agora uma Moção que vai repudiar,
segundo o proponente, o Poder Público Municipal, independente de quem esteja a
frente do Governo, por cumprir a sua obrigação em preservar as áreas públicas
de qualquer posseiro, seja ele um grande ou seja ele um pequeno. Por quê? O trabalhador desempregado e miserável que
ocupa uma área pública, uma praça, uma área de risco, ele é retirado pela
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Mesmo que doa fazer aquilo, ele é
retirado. Para o pequeno, para o
miserável, que muitas vezes ocupa uma praça por não ter outra alternativa, é
importante e tem que se fazer o poder de polícia. E por que em relação a
grandes e importantes clubes isso não acontece? Os clubes são maiores que suas
diretorias, é importante deixar claro isso, assim como o interesse público é
maior que qualquer interesse privado.
Quero dizer, Srs.
Vereadores, que aqui tem um acordo feito com o Ministério Público e o Sport
Clube Internacional, de 1995 - Promotora Sílvia Capelli, Procurador do Inter,
Sr. João Francisco da Rosa, e Izabel Dias de Almeida, Promotora de Justiça -,
não cumprido, que foi objeto de uma multa ao Sport Club Internacional.
Notificação feita em 14/03/95. Notificação feita também dias anteriores, sempre
dando 15 dias de prazo ao Sport Club Internacional. Outra notificação: embargo de obra. Por quê? Porque lá, Srs. Vereadores e Vereadoras, estava sendo construído um
heliporto, inclusive já com contrato com terceiros. Vejam: que interesse
público, clubístico, ou qualquer interesse maior estava sendo preservado ali?
A Câmara Municipal não pode
repudiar o Poder Público Municipal por cumprir sua obrigação.
Vejam: mais um embargo de
obra não cumprido. Vejam: a prepotência e a arrogância de qualquer um que seja
não pode ser tolerada. O Poder Público Municipal deve estender, negociar,
articular, flexibilizar. Agora, não se pode tolerar a prepotência e o fato
consumado, porque aí falta autoridade e, faltando autoridade, não haverá mais
normas nem legalidade; quem tem mais
força leva sempre. O Poder Público fez
isso porque desde o início da década de 90 estão sendo feitas negociações. Portanto,
caros Vereadores, acima das paixões partidárias, clubísticas, ou qualquer
outra, somos representantes para defender o interesse público, doa a quem doer.
Tem um acordo aqui, que não está registrado em cartório, de 79 mil metros
quadrados de doação de área do Poder Público municipal ao Sport Club
Internacional. Esse acordo foi feito à época do Projeto Pró-Guaíba, onde a
configuração da orla era diferente da atual. Pois a Prefeitura Municipal
assegura, mesmo assim, 79 mil metros quadrados para o Sport Club Internacional.
Está aqui, Srs. Vereadores: esta área em amarelo (mostra no mapa) é a área dos
79 mil metros quadrados e isso está assegurado em todas as negociações, mesmo
que hoje o Inter ocupe uma área maior ainda do que esta. Isso não está em questão.
O que está em discussão é exatamente a apropriação indevida e arbitrária de uma
área que vai do Parque Gigante até aquilo que era o limite da Vila Cai-Cai. É
isso que estamos discutindo e, convenhamos, Senhoras e Senhores, nós
repudiarmos a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre por cumprir a sua obrigação legal! Parece-me que não está à altura
da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e da sua longa tradição de defesa do
interesse público e não do interesse de um ou outro segmento, por mais
importante que seja e pela maior voz que tenha nos meios de comunicação. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, imaginem só quem estava aqui nesta tribuna, antes
deste Vereador? O Líder do Partido dos Trabalhadores. Ele estava trazendo aqui,
nesta tribuna e neste Plenário, a mensagem do Partido dos Trabalhadores. Vejam
só: o Líder do Partido dos Trabalhadores vem aqui e defende, com toda a sua veemência,
a legalidade. Mas que discurso,
Vereador, que fere a linha de conduta de seu Partido em todas as linhas! Se
aqui, neste momento, serve o discurso da legalidade, ali, bem ali, já no
Estado, não serve o discurso da legalidade? O discurso da legalidade só serve
aqui, onde o PT é poder. Cabe perfeitamente! Que coisa bonita! E eu ouvi aqui o
Ver. Sebenelo dizendo que esse repúdio é contra apenas o Prefeito Municipal, o
Sr. Hideraldo Caron e conta Estilac Xavier. Ver. Sebenelo, V.Exa. que conhece
bem o modo de agir do Partido dos Trabalhadores, sabe muito bem que eles não
tomam uma só atitude se não fizerem as suas reuniões, se a decisão não for
tomada pela globalidade do Partido, se não for todo o Partido a estar
exatamente defendendo aquela linha de ação. Então, essa Moção de Repúdio não é,
na verdade, somente contra figuras localizadas dentro do Partido dos
Trabalhadores. Essa Moção é contra toda essa Administração que tem agido assim,
não apenas agora, mas tem agido assim em muitas outras situações. A Vera.
Tereza Franco me informava hoje que ela era tirada de casa, às 22 horas, por
cinco homens que a procuravam. Eram homens de um assentamento que o PT estava,
naquele momento, despejando. Isso é ilegalidade, na Cidade de Deus! Essa truculência se fez sentir, por exemplo,
na Restinga, quando o Partido dos Trabalhadores, ferindo seus princípios
defendidos demagogicamente em outras tribunas, retirou, de maneira arbitrária e
truculenta, moradores que estavam lá assentados. Essa truculência se fez sentir,
muitas vezes, ali mesmo na Cavalhada, no Morro do Osso, quando também aqueles
moradores foram arrancados de seus lares, em ações patrocinadas pelo Partido
dos Trabalhadores. Ontem, o que aconteceu no Internacional, na verdade, não foi
um ato isolado. Repercutiu mais pela importância do Internacional, que
transcende os limites do nosso próprio
Estado, mas essa violência se fez sentir em muitos outros lugares, com muitas
outras pessoas, com outras comunidades, com todos aqueles que não servem ao
Partido dos Trabalhadores, aqueles que não são filiados, como aquele aidético
que vai ser arrancado do Serviço Público por uma ação do Partido dos
Trabalhadores. Todos sentem a truculência desse Partido. Ou se segue a linha do
Partido, ou se está condenado a ser o inimigo que será perseguido de modo
implacável. Foi o que aconteceu com o Internacional, aliás, contra dois
Vereadores - Ver. Záchia e Ver. Sebenelo -, que estão, de alguma forma,
trabalhando no Shopping Cristal. Já me falaram que foi uma represália. Isso acontece
muito. Vou repetir o pedido do Ver.
Nedel, porque ouvi hoje por muitas vezes. Os dois Vereadores que tinham
interesse direto no Internacional, porque são conselheiros do Internacional, o
Ver. Sebenelo e o Ver. Záchia, são Vereadores que estão lutando, de alguma
forma, no caso dos moradores do Shopping Cristal, e dizem que essa atitude é em
represália à atitude desses Vereadores. Essa atitude de represália é muito
própria desse Partido, que já agiu assim em muitas outras ocasiões. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador. )
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Fernando Záchia está com a palavra
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, venho, pela segunda vez, esclarecer as inverdades
nas quais o Ver. José Valdir acreditou. Tenho que explicar, Ver. José
Valdir, V. Exa., que está preocupado com os gols e eu também estou. A Moção não está
envolvendo questões do Clube. O Ver. José Valdir está preocupado, como todos
nós colorados, com o resultado de campo. Isso é uma outra questão. O Ver.
Gerson Almeida, habilmente, quer mostrar a discussão da área, o que é legítimo,
só que não podemos informar de uma maneira errada aos outros trinta e um
Vereadores que não existe nenhum documento. Nós podemos discutir a validade do
documento que existe - V. Exa. sabe, tem ele em mão -, que é o documento do
DNOS com o Sport Club Internacional, um
termo de compromisso que fazem entre si o Departamento Nacional de Obras e
Saneamento e o Sport Club Internacional, visando à utilização de uma área de terras recuperada pelo primeiro, porque
era, então, o rio, às margens do rio Guaíba, na Cidade de Porto Alegre. Está
aqui o termo com data de 20.10.1980,
para utilização por 40 anos. Aí,
V. Exa. vai perguntar: “mas o DNOS tinha poderes para isso”? V. Exa.
tinha que procurar. Considerando a Lei nº 4.089, de 12.07.62, ela dispõe, em
seu art. 46, que pertencem à União os acrescidos recuperados por aquela Entidade, DNOS, às margens dos rios,
canais e lagoas que por qualquer título não estejam no domínio particular
- e não estavam, eram domínio público.
Então a Lei nº 4.089, de 1962, passa
para o DNOS o poder dessa área, e o termo de compromisso entre o DNOS e Sport
Club Internacional é de 1980. Portanto,
Ver. Nereu D'Ávila, 18 anos após. O Internacional não tomou conta de uma área
de maneira arbitrária. Ele tinha um
documento assinado pelo DNOS que o Ministério Público reconhecia, porque este
fez o primeiro acordo de 1991. Ora, o Ministério Público não vai fazer um
acordo com uma entidade de uma área inexistente. Não existe aparte, Ver.
Guilherme Barbosa. O acordo do
Ministério Público com o Sport Club Internacional não envolve o Gigante da
Beira-Rio, só envolve o Parque Gigante. Este seu colega foi Vice-Presidente do
Internacional em 1991/92. Treze hectares e trezentos metros é a área que tem o
acordo com o Ministério Público. O Internacional não cumpriu o acordo? Ora,
V.Exa. foi Secretário da SMAM e sabe o replantio das árvores que o
Internacional fez. Onde o Internacional não cumpriu? O Internacional construiu
irregularmente um heliporto. A Prefeitura notificou. As três notificações que o
Internacional recebeu foram referentes à construção do heliporto, nunca sobre a área em discussão.
Se existia essa discussão, o caminho legal, normal para que se tirem essas
dúvidas é a Justiça. Se a Prefeitura entende que essa área é dela, entre na
Justiça, discuta, e se a Justiça comprovar que essa área é do Município, o
Internacional sai no mesmo momento. Mas a Prefeitura não foi por esse caminho.
A Prefeitura fazia negociações com a direção do Internacional através do seu
Vice-Prefeito somente na área do complexo Beira-Rio. Esquece o Parque Gigante.
As quatro reuniões só discutiam a questão do Gigantinho e dos campos suplementares.
Em nenhum momento os representantes da Prefeitura - José Fortunati - falaram na
questão do Parque Gigante. A última reunião, das quatro, foi na sexta-feira à tarde. Estranhamente,
três dias após, sabendo dessa
documentação... Porque no acordo com o Ministério Público de 1995 faz parte o
contrato do DNOS, tanto é que está sendo discutido na Fazenda Federal. Era de
conhecimento da Prefeitura; nunca se falou nessa discussão. Três dias depois
entram - daí a razão da Moção - de uma maneira violenta, arbitrária e
prepotente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. GERSON
ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro, nos termos regimentais, com a anuência do
Líder do PMDB, cópia taquigráfica do seu pronunciamento, porque quero
demonstrar por "a" mais "b" que vários momentos do seu
pronunciamento não condizem com os documentos que o Município têm.
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Fernando Záchia autoriza e V. Exa. receberá as cópias taquigráficas.
Em votação nominal, a pedido do Ver. Antonio Hohlfeldt, o
Requerimento nº 115/97. (Após a chamada.) APROVADO
o Requerimento por l5 votos SIM, 11
votos NÃO, 02 ABSTENÇÕES.
Requerimento assinado pelo Ver. Fernando Záchia, que requer, com base no art. 94 do
Regimento, a inserção, nos Anais da Câmara Municipal, da matéria assinada pelo
Conselheiro do Sport Club Internacional, Carlos Cesar Papaléo, veiculada na
pág. 50 do jornal “Zero Hora”, no dia 14.05.97.
O Ver. Fernando Záchia está
com a palavra para encaminhar.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, simplesmente vou fazer a leitura do texto para que V. Exas. possam ter
conhecimento do que vão votar. O título
da matéria é “Estilaques e Estilingues”. (Lê.)
“Comemora-se, desde 13 de maio de 1997, além da abolição da
escravatura, o Dia Municipal da Violência. O feito foi praticado pela
Prefeitura de Porto Alegre, através de um certo Estilac Xavier, contra o Sport
Club Internacional, conhecido e cantado Clube do Povo. Pois a Prefeitura, sob o argumento de possuir poder
de polícia, resolveu, militarmente, invadir área detida pelo clube, alegando
ser local de propriedade do Município.
“É bom lembrar que a
Prefeitura é administrada pelo PT. O mesmo que repudia a violência oferecida
aos invasores de propriedades rurais, agora age com idênticas
"legitimidade, força e legalidade" que nega aos seus parceiros da
UDR. O PT que, historicamente,
enfrentou a ação policial repressora, agora se investe de um poder de polícia suspeito e vergonhoso.
Mas é o PT administrador que, apesar de possuir decisão transitada em julgado
favorável à municipalidade,...”
O SR. GERSON
ALMEIDA (Questão de Ordem): O Requerimento é para inserir nos Anais a matéria?
O SR.
PRESIDENTE: Sim.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Eu
gostaria de saber se esse Requerimento
é regimental.
O SR.
PRESIDENTE: É
regimental.
O SR. GERSON
ALMEIDA: E
o Vereador está encaminhando?
O SR.
PRESIDENTE: É isso mesmo, Vereador.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Na
verdade, Ver. Gerson Almeida, estou lendo para que as pessoas possam ter
conhecimento da íntegra do documento.
O SR. CYRO
MARTINI (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
segundo eu entendi, o Requerimento está baseado no art. 94 do Regimento.
Todavia, o art. 94 é rico, através de diversas letras, de institutos, de
dispositivos, que se podem requerer. A figura pura e simples da inserção nos
Anais da Casa de texto de qualquer ordem, seja da mídia ou não, não existe, salvo melhor juízo.
Portanto, a figura da
inserção pura e simples não existe, daí por que a leitura acaba em inserção de fato.
O SR. PRESIDENTE: A Presidência informa que
responderá a sua Questão de Ordem, Ver. Cyro Martini, após consultar a
Diretoria Legislativa.
O Ver. Fernando Záchia
continua com a palavra.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA:
Lembro os colegas que com o texto do jornalista Hélio Gaspari foi feito o mesmo
procedimento.
Vamos retornar à leitura.
“Mas é o PT administrador
que, apesar de possuir decisão transitada em julgado favorável à
municipalidade, é cúmplice em manter, não se sabe a que preço e na proteção de
que escusos interesses, os bares da orla de Ipanema, que poluem o Guaíba e o
repouso de moradores e freqüentadores, em permitir que o seu calçadão tenha
sido privatizado ao comércio irregular de drogas e de prostituição.
“E o PT administrador que,
passivamente, aguarda uma decisão judicial para conceder à comunidade o direito
de usufruir, integralmente, da praça da
ENCOL, em parte ocupada por posseiros. Em tais situações, onde o poder de polícia? Qual a razão da
violência perpetrada contra o Inter, sem que se houvesse esgotado a via
administrativa e negocial, tão
estimulada pelos e para os
trabalhadores? Qual o motivo de alegar poder de polícia, antes de ouvir
a abalizada manifestação do
Judiciário? Será odiosa disputa de cores? Entre
"estilaques" e estilingues, bom seria que fossem preservados os
direitos de qualquer cidadão, principalmente os do sofrido colorado que tem crescido na adversidade, tem
demonstrado sua união e força e, por ser povo consciente, não tolerará ser usurpado e violentado.”
Assina Carlos Cesar
Cairoli Papaléo. Parece-me que é
Procurador do Estado e é Conselheiro do
Internacional.
O SR. JOSÉ
VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, temos um
problema. Vamos deliberar incluir ou
não uma matéria nos Anais que, a rigor, já está incluída pela leitura feita no Plenário, no encaminhamento?
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa vai responder logo após.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA:
Respondendo ao Ver. José Valdir, a
minha intenção era a de que todos os Vereadores tivessem conhecimento da
íntegra do texto, que me parece inteligente, oportuno e coerente.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa, neste momento, retira de votação o Requerimento do Ver. Fernando Záchia
em função de que três matérias de igual
teor, no sentido de inserção nos Anais, estão " sub judice", ou seja, para
determinação da Comissão de Justiça, e este
Requerimento será anexado também a essas matérias. Temos que dar tratamento
isonômico. Retirado o Requerimento. Segundo: a Mesa retira dos Anais ... O Sr. Secretário deu uma sugestão; a Mesa
está tentando esclarecer. Nós não vamos fazer nada precipitadamente. Temos o
maior respeito pelo Regimento e pelos Vereadores. Quando um impasse se cria, é
preciso paciência para resolvê-lo. Suspendemos o segundo ponto que íamos
colocar, pois há dois Vereadores solicitando Questão de Ordem.
O SR. ADELI
SELL (Questão de Ordem): Caro Presidente, gostaria de saber como fica a minha situação, já que
havia solicitado inscrição para encaminhamento desse Requerimento. Se for retirado
dos Anais, é um prejuízo a menos. No entanto, houve uma discussão pública e
quero saber como fica a minha intervenção.
O SR.
PRESIDENTE: A
resposta é óbvia e V. Exa. já deixou transparecer: não pode haver
encaminhamento de algo que não existe. Está retirado.
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, os
Anais registram todos os fatos acontecidos e, sobretudo, expressos pela
comunicação verbal. Se o Vereador fez a leitura do artigo da tribuna, naturalmente ele faz parte integrante dos
Anais, a menos que retire todo o pronunciamento, que já está nos Anais.
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa quase incorreu em erro, mas em tempo entendeu que uma vez feito o uso da
tribuna, esse é inviolável. Portanto, já está registrado.
Qualquer Vereador pode inserir
nos Anais da Casa qualquer assunto, uma vez que usando tempo de Liderança ou
Explicação Pessoal, lendo o documento. Isso sempre aconteceu. Ele preferiu, ao
encaminhar, fazer a leitura. Então, ele está inserido desta forma. Poderá o
Ver. Fernando Záchia permanecer com a idéia de inserir após uma votação, ou
simplesmente retirar se achar por bem.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu tenho vinte e seis anos de Casa. É a primeira vez
que ouço que um requerimento colocado em votação pode ser retirado. Eu imagino
até que a votação poderia ser suspensa momentaneamente, às vezes até para
conciliar interesses e acertar alguma coisa, mas retirado, sempre me disseram
que não. Requerimento não pode ser retirado nem com votação do Plenário.
O SR.
PRESIDENTE:
Ver. João Dib, a Presidência poderá até ler os artigos, mas V. Exa. há de
concordar que nós retiramos o Requerimento, mas dissemos que ele poderá voltar,
porque está “sub judice” matéria semelhante. Hoje está retirado de votação. O
art. 161 dá ao Presidente não só atribuições como o dever de assim proceder.
(Lê o art. 161.) Nós, em tempo, estamos observando as normas, uma vez que
existem outros documentos que não foram votados porque estavam com este tipo de
indagação - se poderiam ou não e de que forma. Então, a Comissão de Justiça vai
opinar sobre o assunto, incluindo este.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA (Questão de Ordem): Eu precisava saber, Sr. Presidente, desses três processos: o primeiro
deles em que data entrou na Comissão de Constituição e Justiça, porque, me
parece, ela não está cumprindo rigorosamente os prazos. Então, a Casa não pode
ficar prejudicada pelo não-cumprimento dos prazos, que eram de cinco dias para
que tivéssemos o parecer votado.
O SR.
PRESIDENTE:
Será verificado, Vereador.
O SR. CYRO
MARTINI (Questão de Ordem): Embora a palavra "inserção" tenha sido usada no Requerimento
que eu fiz pedindo um Voto de Congratulações a respeito de um artigo no
"Correio do Povo" e novamente tenha sido empregada, o adjetivo não é
o mesmo. Até porque, no Requerimento do Ver. Záchia, não tem adjetivo, é apenas
inserção. Então, seria "lato sensu" análogo. O meu está alicerçado no
artigo e na letra, e o dele é apenas no "caput".
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Esclarecimento): É natural que o âmago em que algumas questões são discutidas passe, às
vezes, um pouco do limite. Quero registrar, como Vice-Presidente da Comissão de
Constituição e Justiça, que não concordo com a manifestação do Ver. Záchia de
que a Comissão de Constituição e Justiça não vem cumprindo os prazos. Quero
dizer que a Comissão de Justiça tem-se reunido todos os dias marcados e está
com a pauta completamente em dia.
Respeitando a manifestação do Ver. Záchia, não podemos concordar. Faço
esta Questão de Ordem, Sr. Presidente, esclarecendo, também, que o Presidente
da Comissão de Justiça aqui não se encontra. Faço isso na qualidade de
Vice-Presidente, presentes aqui os Vereadores João Dib, Nereu D´ Ávila, Cyro Martini e Reginaldo
Pujol, que podem corroborar minhas afirmações. Orgulho-me de participar da
Comissão de Justiça, porque é uma Comissão constituída de pessoas sérias, que
não estão brincando. Muito obrigado.
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa está pedindo aos Srs. Vereadores para que se ponha fim a este tipo de
discussão. A matéria já foi retirada. Não há mais o que discutir.
O SR. ISAAC
AINHORN (Esclarecimento): Sr. Presidente, no final do mês de fevereiro ingressei com um
Requerimento, aprovado por este Plenário,
na Comissão de Justiça, para que fosse examinada a legalidade do Decreto
do Prefeito Raul Pont sobre a revogação dos CIEM’s. Imediatamente, no prazo, tomei conhecimento que o
Vereador-Relator, Ver. Reginaldo Pujol,
apresentou o seu Parecer. No entanto, já faz mais de quatro meses e não
tenho notícias de que tenha havido a votação desse Parecer do Ver. Pujol no
âmbito da CCJ. Então, gostaria de pedir
a esta Presidência - e tenho certeza de que contarei com o respaldo do
Ver. Elói Guimarães - para que seja esclarecido se já foi votado ou não o
Parecer sobre a legalidade do Decreto que revogou a designação dos CIEM’s, na
Cidade de Porto Alegre, por parte do Prefeito Raul Pont.
O SR.
PRESIDENTE: Srs.
Vereadores, antes de conceder a próxima Questão de Ordem, gostaria de registrar
que estamos recebendo uma visita ilustre - peço vênia. Nós estamos recebendo a
visita ilustre do Deputado Ônix Lorenzoni, que muito nos honra com a sua
presença. Ele é Deputado pelo Partido da Frente Liberal. Está aqui entre nós -
já estava há algum tempo - e nós queríamos apenas superar este momento para
depois convidá-lo, mas ele tem problemas de tempo e está precisando se afastar.
Mas, de qualquer forma, a Mesa deixa registrada nossa satisfação em tê-lo
conosco.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, quando eu faço Questão de Ordem, é Questão de Ordem, e eu tenho sido
preterido.
O SR.
PRESIDENTE:
Ver. João Dib, faça a Questão de Ordem, por favor.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, veja só a severidade de V.Exa. para com este Vereador
que sabe fazer Questão de Ordem. No art. 161 do Regimento Interno diz: "A
Requerimento de Vereador ou de ofício, o Presidente determinará a retirada da
Ordem do Dia de proposição que tenha tramitado ou sido publicada sem observar
as normas regimentais".
O SR.
PRESIDENTE:
As normas regimentais que não estavam cumpridas é porque não estava autuado.
Nós recebemos essa informação e, em tempo, estamos registrando isso.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu completarei a minha Questão de Ordem. A matéria não
foi, pura e simplesmente, retirada da Ordem do Dia; ela estava em votação. Foi
retirada da votação na Ordem do Dia, apenas isso. É uma Questão de Ordem, art.
161 do Regimento Interno, absolutamente correto.
O SR.
PRESIDENTE:
É, em outras oportunidades, já foi feito assim, como uma prática, e este
Vereador está seguindo a orientação nesse sentido.
A Mesa oferece a palavra à
Bancada do PFL para fazer a saudação, em nome da Casa, ao Deputado Ônix
Lorenzoni.
Com a palavra o Ver.
Reginaldo Pujol.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Srs. Vereadores, antes de mais nada, agradeço a gentileza do Sr.
Presidente e dos demais integrantes da Casa que nos permitem registrar a
satisfação de recebermos na Casa..., satisfação partilhada por vários
integrantes do Legislativo, especialmente alguns que fazem questão de serem
registrados, como os companheiros do Partido Progressista Brasileiro, que tem
no Ver. João Dib a sua grande liderança da Casa e no Ver. Pedro Américo Leal
esse paradigma de experiência parlamentar, ao qual se acresce o Partido
Trabalhista Brasileiro, por solicitação do Ver. Luiz Braz. Certamente se soma o
Partido da Social Democracia Brasileira, que teve no nosso visitante de hoje, o
Líder da Bancada do PFL na Assembléia Legislativa, um companheiro de jornada nas
eleições de 1996.
Naturalmente, Sr.
Presidente, que o Dep. Ônix Lorenzoni, que nos dá a alegria da visita no dia de
hoje, não se surpreenderá de encontrar esta Casa ativa, positiva e sobretudo
dinâmica nas discussões que dizem respeito à representação popular desta
Cidade.
Pessoalmente, me sinto
feliz, porque, junto com o nosso líder partidário, aqui comparecem vários
dirigentes do Partido da Frente Liberal, pertencentes ao Grupo de Ação Política
que há pouco ingressou no PFL - o companheiro Cyro Tizato é um dos exemplos mais eloqüentes - como de
resto o Presidente do Instituto Tancredo Neves, companheiro Ademar Xavier, que
conosco vêm receber o nosso líder, circunstância essa que motiva a presença do
nosso primeiro suplente sempre conosco nesta e em quaisquer outras ocasiões.
Objetivamente, como me pede a Presidência, Dep. Ônix Lorenzoni, eu fico
extremamente feliz de poder registrar nos Anais da Casa a sua visita, primeira
que faz a esta Casa após o ingresso no
Partido da Frente Liberal e a conseqüente
assunção da Liderança Partidária na Assembléia Legislativa do Estado. Como
único integrante do PFL de nossa Casa e, conseqüentemente, seu Líder - e não
digo único liberal para não ter o protesto do Ver. João Dib, que pede a nossa
concordância para que ele também expresse a sua solidariedade ideológica com a
nossa posição -, registro essa circunstância para nós muito positiva, até
porque V.Exa., como Deputado Estadual que o é, tem grandes vínculos com a
Cidade de Porto Alegre não só pelo fato de ter recebido expressiva votação em
Porto Alegre, mas sobretudo porque esteve junto conosco nas lutas eleitorais
que se travaram em 1996 e pôde de perto verificar a ansiedade do nosso povo e
de segmentos mais sofridos da nossa comunidade em termos de habitação, de
saúde, de educação, que é aquilo que é expressado no cotidiano aqui, neste
Plenário.
Muito obrigado por sua
presença. Eu sei que V.Exa. tem outros compromissos muito importantes no dia de
hoje, mas mesmo assim cumpriu o prometido de nos fazer a visita nesta tarde. E
é um registro que faço de coração aberto, já que madruguei na tentativa de
promover a unidade liberal no Estado, unidade essa que se consagrou em 01 de
maio, quando V.Exa., acompanhado de novos companheiros, ingressava no PFL e
contribuiu efetivamente para que o projeto do PFL 2000 pudesse ter essa força
nova e essa consistência que certamente haverá de ser sentida pelo povo do Rio
Grande. Muito obrigado, mais uma vez, aos companheiros desta Casa que tão
carinhosa e respeitosamente recebem o nosso Líder Partidário. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Deputado Ônix Lorenzoni.
O SR. ÔNIX
LORENZONI: Presidente Clovis Ilgenfritz, amigo de muitos
anos, meu Líder Ver. Reginaldo Pujol, em seu nome, em nome do Presidente, saúdo
todos os Vereadores e Vereadoras da Câmara da minha querida Porto Alegre.
Agradeço a forma carinhosa com que sempre fui recebido nesta Casa e quero destacar que o gesto de hoje estar
aqui, ao seu lado e daqueles que
comungam das idéias liberais, é para anunciar, nesta casa política,
legislativa, que no Estado do Rio Grande do Sul os liberais se unem, procuram
construir uma alternativa politicamente viável, eleitoralmente consistente com
o objetivo de poder contribuir, no campo das idéias, num debate onde haverá um
único vencedor: o cidadão ou a cidadã do Estado do Rio Grande do Sul e dos
nossos diversos Municípios.
Hoje o mundo vive
transformações muito violentas. Talvez num interregno de um tempo mais curto da
existência da humanidade, tenhamos experimentado as mais violentas
transformações. Nessas transformações, o desafio supremo é poder dar e
qualificar o ser humano, a sociedade, o indivíduo, para que ele tenha condição
de se inserir neste mundo de competição e tecnologia. Se há alguns poucos anos
atrás deter materialmente era importante, em menos de trinta anos deter
materialmente o bem ou a riqueza se transformou em algo secundário. O
importante no próximo milênio, que se avizinha rapidamente, é possuir o
conhecimento, e é nessa busca, nessa luta, que os conceitos que nós defendemos,
ainda reconhecidamente minoritários na nossa sociedade... Temos que nos unir e
construir essa proposta política que sinaliza para novos tempos, principalmente
para transformações importantes para a nossa sociedade. O que vivemos no País,
no Rio Grande, o que nós também começamos a experimentar em Porto Alegre é
fruto de um processo mundial, onde não dá para colocar o dedo no interruptor e
desligar a roda do mundo e pedir para que ele pare para que possamos nos
preparar. Não é possível e não há tempo. Temos que, ao contrário, buscar ganhar
tempo, qualificando a nossa sociedade. E esse desafio é o desafio de repensar o
Estado, rediscutir o seu papel.
Quero lembrar que, há dez
anos atrás, se discutia se deveria ou não
se diminuir o Estado. Hoje, do PT ao PFL, se discute no Brasil de que
tamanho ele tem que ser, mas ninguém é capaz, em sã consciência, de discutir
que ele não precisa ser diminuído. É esse o sentido da luta que nós
empreendemos, de fazer com que a sociedade do Rio Grande, a sociedade
porto-alegrense tenha no nosso Partido, do PFL, a condição conceitual da
transformação, a condição conceitual da mudança e o oferecimento de uma
proposta política transformadora. Esse é o nosso desafio, essa é a mensagem que
queremos deixar na Câmara, que não é só da Cidade de Porto Alegre. É a Câmara
de todos os gaúchos, porque é aqui a Capital do Estado e esta é a Câmara das
câmaras, porque o que é aqui decidido e discutido repercute em cada um dos
cantinhos e dos rincões desse Rio Grande.
Por isso, o meu orgulho e a
minha alegria de dizer, carinhosamente, que me orgulho da cidade onde nasci e
me orgulho muito da representação e da qualificação da representação política
que se encontra na Câmara Municipal de Porto Alegre. E tenho certeza de que a
nossa Bancada honrará sempre, na sua pessoa, a tradição deste Parlamento. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa, em nome da Casa, agradece as palavras do Deputado Ônix Lorenzoni e quer,
mais uma vez, renovar o sentido de integração que tem existido entre os Poderes
Legislativos do Estado e da Nação sempre que deputados, senadores nos visitam.
É importante que tenhamos esta linha de integração para podermos colaborar com
a sociedade no sentido da busca de melhores condições de vida.
Interrompemos a Sessão para as nossas despedidas e logo
retomaremos o nosso trabalho normal.
(Suspendem-se os trabalhos
às 18h03min).
O SR.
PRESIDENTE (às 18h04min): Estão reabertos os trabalhos.
Em votação nominal a prorrogação da 36ª Sessão Ordinária. (Após a
chamada.) Dez votos SIM, 01 voto NÃO. Declaramos nula a votação face à
inexistência de quórum.
Estão encerrados os
trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às
18h08min.)
* * * * *